quarta-feira, 4 de maio de 2011

Morgan Freeman: “Não aceito religiões que prometem o paraíso após a morte.”


Em 2005, a clickstar tornou-se a primeira companhia a oferecer a distribuição legal de filmes pela Internet. Apesar do modelo de sucesso atual das empresas Netflix e Apple, a Clickstar viria a falir três anos mais tarde. Um de seus sócios, o ator Morgan Freeman, havia desenvolvido também vários documentários sobre o cosmos, a serem distribuídos em sua nova empreitada. O canal a cabo Discovery Channel resgatou uma das ideias e lança, no dia 2 de maio, às 21h, a série Grandes mistérios do universo com Morgan Freeman. Nela, o ator explica as novas teorias de acadêmicos nos campos da astrobiologia e da física quântica, além de narrar a perene discussão de como o universo foi criado – e se existiu um criador. Na suíte de um hotel com vista para o Central Park, em Nova York, Freeman disse a ÉPOCA que “ainda não estamos perto de um pleno entendimento” dos mistérios do universo.
ÉPOCA – Quando o senhor começou a gostar de física e astronomia?
Morgan Freeman – 
Em meados da década de 50. Na escola, eu não era bom aluno de ciência. Mas, ao cursar o ginasial em Nashville, física era uma das disciplinas que mais me intrigavam, porque sempre gostei de questionar teorias. Até hoje gosto de entrar em discussões científicas. Não existem respostas para várias das perguntas. Só possibilidades.
ÉPOCA – O senhor já tentou obter respostas sobre a criação do universo via religião?
Freeman – 
Não. Comecei a formar opinião sobre religião aos 13 anos. Nos dez anos que se seguiram, li a Bíblia e os livros de grandes filósofos. E cheguei a uma conclusão.
ÉPOCA – Que conclusão?
Freeman – 
Que teria de olhar mais para o lado científico das coisas. A única filosofia que achei que podia ser adaptada à minha vida foi o budismo, pois estamos falando sobre a vida como parte e extensão da morte e, vice-versa, e não sobre criadores. Não aceito religiões que prometem o paraíso após a morte.
ÉPOCA – A religião tem gerado mais debates acalorados que a ciência.
Freeman – 
Marx disse: “A religião é o ópio do povo”. A população do planeta está crescendo e, para controlá-la, você precisa da mensagem assustadora das religiões para que os seres humanos creiam nelas. Ah, a fúria de Deus! (risos)
ÉPOCA – Qual foi a descoberta científica que mais o impressionou?
Freeman –
 Não foi uma descoberta, mas sim o fato de que a gente não sabe do que está falando. Três décadas atrás, mapeamos o universo, sabíamos até o peso dele. Isso até o telescópio Hubble, que nos levou a dizer: “Ainda não estamos perto de um pleno entendimento”. Por anos acreditamos na teoria de Einstein sobre a velocidade da luz. Hoje, desconfiamos que a luz trafega com mais rapidez. As verdades da ciência são questionadas e reescritas o tempo todo.
ÉPOCA –Qual é sua opinião sobre outras formas de vida no universo?
Freeman –
 Se você olhar o sistema solar, verá que somos um pequeno, microscópico pontinho dentro do universo. Aceito o fato de que existem seres alienígenas, embora eles não nos visitem nem sejam verdes.

Fonte: Época e Pavablog, via Bule Voador

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