sábado, 7 de maio de 2011

Inflação é do álcool. No resto, baixou. E a ANP, nada…


Os sites da grande imprensa, praticamente “comemoram” o índice de inflação oficial – o IPCA – divulgado pelo IBGE. Com uma variação de 0,77% em abril sobre os preços de março deste ano, para a vibração da grande mídia, a taxa acumulada em 12 meses passou para 6,51% –  0,01% acima da meta fixada pelo governo.
Claro que as pressões inflacionarias existem e devem ser enfrentadas com seriedade e firmeza. Mas, também, com serenidade e foco naquilo que, de fato, provoca elevação dos textos.
A gente não se cansa em repetir aqui:
Não há inflação de demanda, isto é, não é o poder de compra da população que leva ao consumo exagerado, e, com isso à elevação de preços.
Quer saber o que provocou a inflação? Não precisa ser gênio da economia e nem “iluminado”. É só olhar os próprios dados do IBGE que se conclui que o fator que elevou a inflação é – reparem só –  o aumento do  preço dos combustíveis. Mais precisamente o aumento do preço do etanol, porque a gasolina continua sendo vendida pela Petrobras nas refinarias aos mesmos R$1,05  de dois anos atrás.
E o que mostra o IBGE?
A inflação do mês de abril foi de 0,77% – praticamente a mesma de março quando registrou 0,79%. Deste percentual, 0,3% deveu-se ao aumento de preço no grupo Transporte, obviamente, mais impactável pela alta dos combustíveis. Se o preço do combustível estivesse estável (ou até em queda, como seria normal nesse período de início de safra da cana de açúcar a inflação teria sido de 0,47%, portanto).
Como a inflação de abril de 2010 (quando o preço dos transportes não subiu) foi de 0,57%.
Logo, a inflação de 2011, sem a pressão dos combustíveis, teria sido menor que a de 2010.
Só isso já deixa evidente que não há “alta generalizada de preços”. Tivemos, como ocorre todo início de ano, altas nos setores de alimentos e bebidas, além de aumentos provocados pela elevação das tarifas de ônibus. Estes, porém, já pararam de subir significativamente. O nome da inflação brasileira, agora, é etanol.
É por isso que o Tijolaço tem mostrado aquiaqui e aqui, que é intolerável a passividade da Agência Nacional do Petróleo diante da manipulação de estoques e preços  que está acontecendo por parte das usinas, distribuidoras e até dos postos de gasolina. Mostramos com dados públicos e oficiais que o preço do álcool no atacado caiu 30% em treze dias, embora não tenha havido se não microscópicas baixas nas bombas de combustível. E se o álcool hidratado não baixa, também não baixa o preço do álcool anidro que é misturado – e encarece – à gasolina.
Ninguém esta pedindo que a ANP dê uma fiscal de “Sarney” e saia por aí fechando postos de gasolina. Mas é inadmissível que a ANP não esteja utilizando dos poderes que lhe foram conferidos pela Presidente Dilma Rousseff. Ela não pode ficar omissa diante da ausência de repasse da baixa de preço do álcool ao consumidor.
Está certo o ministro Guido Mantega em dizer que a inflação vai baixar em maio. Vai sim. E poderia baixar muito mais depressa se as determinações de Dilma Roussef fossem seguidas.
A medida provisória assinada por Dilma, que confere a ANP o papel de fiscalizadora do setor inclui o etanol no Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis, criado por lei em 1991, na qual se proíbe a manipulação de estoques e se prevê em penas para quem o praticar.
É o interesse público que está em jogo. O cidadão tem direito de saber por quanto é comprado o combustível que lhe é vendido a preços caríssimos. E não venham com a história de que são os “impostos”.Os impostos altos ou não, também continuam os mesmos. Não mudaram.
E se a ANP não agir, então, só restará uma dúvida: Se ela é inútil ou se é cúmplice…
tijolaço.com

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