terça-feira, 7 de dezembro de 2010

'Dilma terá dois anos difíceis, os anos de sacrifício', diz Cid

Ao iG, governador do Ceará endossa Aécio no comando do Senado e diz que presidenta eleita deve reduzir dependência quanto ao PMDB
Leandro Beguoci, iG

Cid Gomes (PSB), governador do Ceará, apoiou a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República. Porém, no começo de novembro, ele lançou o nome de Aécio Neves, do PSDB, para a Presidência do Senado. Em entrevista ao iG no Palácio Iracema, sede do governo cearense, Cid disse que sua escolha é uma questão de lógica: diminuiria a dependência do PMDB e daria melhores condições para Dilma governar. “Eu jamais ficaria na mão do PMDB”, afirma.

Ele argumenta que os dois primeiros anos serão os mais difíceis para a petista porque ela terá de fazer ajustes. “Serão os anos de sacrifício”, explica. A consequência desse argumento é que Dilma precisará ter uma relação melhor com o Congresso do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem tendo nos seus últimos anos de governo. Isso significa que ela precisará atrair a oposição com medidas práticas e o que pode ser oferecido, neste momento, é o comando do Senado. Esses argumentos, somados à capacidade de diálogo de Aécio, fazem do tucano o melhor nome para presidir o Senado no primeiro biênio da nova presidenta, afirma Cid.

Na entrevista abaixo, que faz parte de um conjunto de conversas que o iG planeja ter com governadores, Cid também comenta o preconceito contra nordestinos. Afirma que há lugares de São Paulo piores do que o sertão, diz o que espera que Dilma faça pelo seu Estado e explica as diferenças entre as quadrilhas que estão ganhando força no Nordeste e as facções criminosas de outras regiões do País.

iG - O senhor é um dos nomes do governismo que dialoga com a oposição. Os recentes problemas com o PSDB do Ceará atrapalham esse diálogo nacional?
Cid Gomes - Com os prefeitos, não faço discriminação, são programas para todos. Já sobre a política, ela não é estanque. Eu e Tasso Jereissati (senador pelo PSDB do Ceará) tivemos uma longa relação, fomos do mesmo partido durante muitos anos. O próprio PSDB fez parte do meu governo até seis meses antes da eleição. Eu tentei manter a composição com o PT, PMDB e alguns outros partidos, limitando essa composição à indicação de governador, vice e um senador. Esse era o meu desejo, deixando a indicação do outro senador vago. Eu votaria no Tasso para a outra vaga de senador. Infelizmente, isso não foi possível. Ele lançou um candidato ao governo e eu nunca mais falei com ele.

O senhor considera a relação com o PSDB rompida?
Tenho muitos amigos no PSDB nacional e estadual. Mas como vai ser no futuro? Não sei. O PSDB radicalizou muito na campanha contra mim.

Um desses amigos é Aécio Neves? Recentemente, o senhor defendeu o nome dele à Presidência do Senado. 
As pessoas estão procurando chifre em cabeça de cavalo. Eu sugeri o que eu faria se estivesse no lugar da Dilma. O melhor conselho que eu posso dar a alguém é me colocar no lugar da pessoa e ver o que eu faria. O PMDB é um partido forte, com a maior bancada no Senado e a segunda maior na Câmara. A gente também sabe que o PMDB é um partido que pressiona pelos seus interesses e briga por eles. Eu jamais ficaria na mão do PMDB. Eu gostaria, lutaria para ter o apoio do PMDB, mas faria tudo que estivesse ao meu alcance para não ficar na dependência exclusiva do PMDB. Como você faz isso? Buscando diálogo com o PSDB, que tenderia a atrair o DEM também. Não precisaria nem cooptar.”
Entrevista Completa, ::Aqui::

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