quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A doença do preconceito


Nem bem terminou a eleição e começaram a pulular na internet as mais grosseiras e violentas manifestações de racismo, intolerância e preconceito contra os nordestinos, que, na visão de parte de quem votou em Serra, foram os principais responsáveis pela sua derrota.
Lógico que essas pessoas nem sequer se informaram para saber que Dilma venceria mesmo sem os votos do Nordeste, que apenas ampliaram a sua vitória. Esses sujeitos apenas aproveitaram a oportunidade para extravasar um sentimento que os dominava.
Foi como se um vírus há muito incubado tomasse conta da mente do indivíduo e o deixasse sem controle sobre o que sente e, dominado por essa compulsão, ele vomitasse em suas páginas pessoais das redes sociais da web todo o ódio e ressentimento acumulados sabe-se lá há quanto tempo.
O preconceito e a intolerância dificilmente acabarão em qualquer sociedade. Mas podem diminuir e ser controlados se desde criança as pessoas forem educadas tendo como alicerce valores morais e éticos, se crescerem num ambiente familiar sadio, se a sociedade, como um todo, tomar para si a tarefa de aceitar a tolerância como um princípio básico da convivência.
Claro que um trabalho desses é muito demorado e exaustivo. Como já observaram alguns cientistas sociais, parece que a classe média brasileira tem cada vez mais arraigada em si a repulsa à mobilidade social dos estratos mais baixos, cada vez aceita menos que os pobres se tornem parecidos com ela, e sofre com a aparente incapacidade de se elevar à condição da invejada burguesia.
É uma missão que requer atenção constante e dele faz parte punir quem incentive a violência, propague o ódio e o preconceito, contra quem qualquer que seja.
E essa punição deve ser pesada, exemplar, para que todos saibam o quanto horroroso e desprezível é o crime que praticam.
Crônicas do Motta

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