terça-feira, 2 de novembro de 2010

Discurso de Serra foi duro recado para Aécio

"Os que nos imaginam derrotados, eu digo que apenas estamos começando uma luta de verdade. Minha mensagem de despedida, nesse momento, não é adeus, é um até logo. (...) A luta continua, viva o Brasil".
Mensagem mais clara impossível: Serra não vai abandonar o projeto de chegar a Presidência da República. E deixou bem claro que volta a competir em quatro anos. O recado é, portanto, para Aécio Neves - que deixará o PSDB se isso ocorrer, como já havia antecipado há meses o jornalista Maurício Dias, da Carta Capital.
É evidente que isso não se dará agora, sob o risco de, contrariando a fidelidade partidária, perder o próprio mandato de senador. Mas é lógico que Aécio não vai aceitar a intromissão serrista em seu lugar na fila. Só que ele não tem a cúpula paulista ao seu lado, que é propriamente a cúpula que manda no partido.
Quando Xico Graziano culpou Aécio pela derrota acachapante em Minas Gerais, mesmo com a intervenção apaziguadora de Sérgio Guerra, ele estava apenas vocalizando a total insatisfação dos serristas com o ex-governador mineiro.
A coisa embrulhou por causa do segundo turno. Se Aécio tivesse sido eleito para o Senado e Serra perdido com a votação medíocre que teve em 03 de outubro, o neto de Tancredo sairia deste pleito como o líder natural das eleições. Mas não foi isso o que aconteceu.
Há de convir que o segundo turno, graças ao fator Marina, fortaleceu José Serra, que jogou todas as fichas, incluindo algumas muito desleais, para ter alguma chance nestas eleições.
Além de fortalecer José Serra, o segundo turno obrigou Aécio a se engajar na campanha. Mas Aécio, que seria fundamental em Minas, fez boas excursões pelo resto país ao lado de Serra, praticamente nacionalizando o próprio nome.
Isso levantou grande insatisfação nas fileiras serristas: alguns jornalistas chegaram a perguntar onde Aécio poderia ajudar Serra senão em Minas Gerais.
Mas os problemas que desencadearam o desabafo de Xico Graziano vêm de longe. É evidente que não pegou bem a revelação de que as reportagens de Amaury Ribeiro Jr para o Estado de Minas foram uma ação preventiva do então governador de Minas. E, se ele teve que se proteger das investidas de Serra e Marcelo Itagiba, foi porque a disputa no PSDB jamais foi fraterna.
No primeiro turno, por diversas vezes, a imprensa paulista reclamou da pouca atenção de Aécio a Serra: nem alusão à candidatura à Presidência, Aécio fazia em seu material de campanha.
Posteriormente, a bênção de Aécio ao apoio de Márcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte, a Dilma foi outro motivo para a desconfiança dos paulistas, que chegaram à plena certeza quando não notaram qualquer esforço de Aécio para conter o fenômeno "Dilmasia".
O discurso de Serra tem dois endereços: o primeiro é que vai articular oposição raivosa contra Dilma, aproveitando que ela não é Lula. Mas isso não é novidade na ala tucana. O segundo é que, do alto dos seus mais de 40 milhões de votos, ele se sente mais ungido que Aécio para ressurgir daqui a quatro anos.
O que Serra disse em outras palavras é: "Se Aécio me imagina derrotado, eu digo apenas que estou começando uma luta de verdade. Minha mensagem de despedida, nesse momento, não é adeus, é um até logo"
Aécio, que não recebeu qualquer agradecimento de Serra no discurso da derrota, não tem saída se a cúpula paulista tucana insistir em se afundar. Aliás, saída tem. A própria.
Weden
By: Nassif

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