por Luiz Carlos Azenha
Assisti à maior parte do evento desta noite em que Dilma Rousseff falou a intelectuais no Rio de Janeiro.
Teve, enfim, tempo para conectar o projeto político que representa com os interesses da classe média urbana brasileira.
Fez isso sem rasgos de oratória, mas com uma articulação intelectual resumida em uma das frases que usou, que reproduzo grosseiramente:
O Brasil não quer ser os Estados Unidos do [hemisfério] sul. Lá, parte dos negros pobres vive na cadeia e parte dos brancos pobres vive em traillers.
Por isso, argumentou, a inclusão social dos 20 milhões de brasileiros que ainda são miseráveis não deve ser tratada como “alegoria de mão”, mas é objetivo central de sua plataforma de governo.
Defendeu, também, o papel de um estado indutor, que transfira os recursos do pré-sal para investimentos em educação.
Fez o contraponto com o adversário, ao lembrar o que definiu como “milagre de gestão financeira dos tucanos”, que venderam U$ 100 bilhões em patrimônio público e aumentaram a dívida nacional.
Destacou a valorização do funcionalismo público como “central” a esta concepção de estado indutor.
Embora isso não tenha sido explicitado, ficou claro que o projeto de Dilma é muito parecido com o da social democracia europeia, com a promessa de não usar cacetetes contra movimentos reivindicatórios e de não tratar a questão social como “caso de polícia”.
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