quinta-feira, 15 de julho de 2010

F. H. Cardoso, o profeta?!

O profeta Isaías teria sido morto serrado ao meio. FHC serrou ao meio os seus livros quando resolveu se bandear para a direita.

Maneando alguns livros empoeirados, reencontrei a obra Por que Marx, livro organizado por Eurico de Lima Figueiredo, Gilásio Cerqueira Filho e Leandro Konder (Edições Graal, 1983).
Entre os diversos - e interessantes - artigos que compõem o livro, um particularmente exigiu a minha atenção: Partidos, hoje, elaborado por um certo F. H. Cardoso, Sociólogo e Cientista Político, então professor catedrático da USP.
O texto foi escrito provavelmente no encerramento de 82, já que a 1ª edição do livro data de março de 83.
Naquela época, não existia ainda o FHC, mas o FH Cardoso. Quando o Cardoso virou simplesmente C? Certamente o FHC tucano e ex-presidente não aprecia muito aqueles estudos em que assinava FH Cardoso, por isso mandou esquecer o que escreveu. Como castigo, acabou esquecido, embora o esforço colossal que empreende para ser relembrado como um pensador. Hoje, FHC é sinônimo de privatização. Será lembrado nos livros de História exatamente assim.
Pois Partidos, hoje de FH Cardoso trata-se de uma análise dos partidos políticos em seu funcionamento naquele dado momento histórico. O autor sustenta que os partidos brasileiros não seguiam o modelo dos velhos partidos europeus, ideológicos e representativos. Mas nem por isso deveriam ser considerados “não autênticos”.
FH Cardoso, embora a generalidade de sua reflexão, toma em separado alguns partidos, como o PDT, PMDB e PT.
Sobre o PT, FH Cardoso profetiza que “(...) se (o PT) não vier a ser o grande partido de massas sob a hegemonia dos trabalhadores, será, contudo, o partido de setores de trabalhadores e de setores intelectuais capazes de propor uma sociedade alternativa. Serão imperfeitos na proposta, contraditórios etc. Mas quem não?"(p. 104).
Mais adiante, FH Cardoso traça uma linha de complementaridade (eleitoral) entre o PT e o PMDB. Vaticina que “(...) Onde reside a fraqueza de um partido do tipo do PT como expressão da vontade coletiva (no caso, o articulista refere-se ao resultado eleitoral, votos obtidos), surge o PMDB (com os votos que o PT não consegue)”.
Questão: FH Cardoso não estava eventualmente profetizando 2010? Mutatis, mutandis...
Caso FH Cardoso fosse vivo (foi extinto e substituído pelo tal FHC), provavelmente votaria na Dilma e no Temer. É o que resta concluir, depois de ler Partidos, hoje. 
FH Cardoso era profeta. FHC é um lobo em pele de cordeiro

charles bakalarczcyk

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