sábado, 10 de julho de 2010

Bruno e nós




A cena era patética. O goleiro do Flamengo Bruno se entregava à polícia e era recebido na porta de uma delegacia por uma horda de jornalistas famintos por sangue. 
Foi insultado e por pouco não foi linchado pelo caminho. Só não foi porque estava escoltado por agentes da polícia. 
Oras, por que o goleiro foi recebido na porta e não de maneira mais discreta e civilizadamente? Porque, assim como nós jornalistas, os policiais também anseiam pelo espetáculo de exibicionismo cruel. 
Já sei, todos vão dizer que foi um crime bárbaro e que ele tem que pagar caro. E por essa razão, é preciso que o mandante seja tratado barbaramente também? Por que somos incapazes de respeitar a presunção de inocência, durante as investigações? E por que somos incapazes de cumprir a lei, que dá ao réu o direito de ampla defesa? 
Mas o que é pior, na minha opinião, é a nossa reação de admiração e espanto, mesmo sabendo que somos nós os responsáveis pelo circo da notícia, que eleva a temperatura social quase à ebulição. 
São amplas e infindáveis coberturas, repletas de detalhes macabros e circunstâncias horrendas. Ok, damos ao telespectador o que ele quer. Basta ver os índices de audiência. Será? 
Vou além. Este tipo de comoção revela o estágio de evolução da nossa sociedade. Somos todos um corpo só, que sofremos as dores, ora nos outros que estão na tela, ora em nós mesmos, em nosso silêncio e omissão. 
By; DoLaDoDeLá, via Com textolivre

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