sábado, 24 de outubro de 2009

Banda Larga: necessidade nacional e ação estatal




A imprensa neoliberal todos os dias cobra que o Governo - para usar uma das expressões preferidas desta gente - “faça o seu dever de casa” e dote o país de infraestrutura necessária ao desenvolvimento econômico. Para isso, é preciso fazer pesados investimentos, é claro. O problema é que eles querem que o Governo faça tudo com seu (nosso) dinheiro: estradas, ferrovias, metrôs, linhas de transmissão de energia, etc . Mas que, em seguida, entregue logo para uma empresa privada operar.

Isso nem seria um problema, se a empresa remunerasse os investimentos público, cobrasse preços e tarifas justas e reinvestisse os lucros na conservação e expansão. Mas vocês sabem que não é assimque funciona e que os governos - federal, estaduais e municipais - quando não se torna dócil como um cordeirinho diante de seus concessionários, fica refém do poder destas empresas.


Mercado de banda larga no Brasil, 5° do mundo, nas mãos de poucos
Eu tenho falado muito aqui nesta questão da banda larga de qualidade universalizada no Brasil. E tentando mostrar a caríssima precariedade com que as concessionárias de telefonia prestam este serviço, sem o qual hoje, além de não haver cidadania, não pode haver desenvolvimernto econômico. Ontem, o insuspeito O Globo, em sua editoria de informática, publica dados que só confirmam o que se tem dito aqui.

Em lugar da matéria, porém, prefiro começar com um dos comentários postados, de um leitor que se assina Romero Schmidt:

- Na Alemanha, tenho banda larga (15 Megabytes por segundo) pagando 10 reais por mês, sem limites de tempo ou volume de conexão, incluindo telefonemas para telefone fixo e um cartão de celular com o mesmo.
Se no Brasil não oferecem o mesmo é porque as companhias se colocam de acordo para explorar os consumidores.

A matéria, cuja leitura recomendo a todos, diz, em resumo, o seguinte: o Brasil é o quinto maior usuário de internet, em números absolutos. Mas, narelação entre uso da internet por habitante, caímos para o 76° lugar. Um estudo da ONU coloca o Brasil entre os países mais deficitários em capacidade de comunicação de dados via web. O Brasil aparece na 45ª posição no estudo, atrás de dois dos outros três países que compõem o grupo dos Bric: Rússia está em 18º lugar e China na 43ª.

O resultado? Para a população, a impossibilidade de ter acesso aos serviços, à informação e ao entretenimento que a internet propicia. Nada mal para as empresas de televisão e telefonia, que perdem terreno e lucros por causa da internet no mundo inteiro. Para as empresas, assim como a falta de boas estradas as desestimula de se instalarem em determinado ponto, também a falta de infovias de qualidade atrasa, quando não inviabiliza, seu desenvolvimento e avanço técnico e tecnológico.

A necessidade de o Governo lançar seu plano de universalização do acesso de qualidade à internet é imensa. E não deve cair no canto de sereia das teles, que querem parceria neste plano. Como disse o Romero Schmidt, elas não querem pouco dinheiro de muitos. Prefere muito dinheiro de uma parcela, porque mesmo uma pequena parte do Brasil é tão grande que seus lucros são imensos. Vejam o que foi esta “banda larga” popular lançada em São Paulo por José Serra e a telefônica: mesmo sem contar os 30 reais do telefone que vendem “casado”, custa 150% a mais que a da Alemanha e tem uma velocidade 600 vezes menor.

E sem um tostão de impostos. Assim é fácil ser empresário.

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