Em todas as regiões do Brasil, clientes com a ocupação “profissional liberal” ocupam o desconfortável primeiro lugar na lista de inadimplentes.
Paulo Daniel, via CartaCapital
Nos últimos oito anos, o montante de crédito concedido às pessoas físicas, com recursos livres, cresceu de forma expressiva, passando do equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em janeiro de 2003 para 15,5% do PIB em julho de 2011.
Neste sentido, o Banco Central do Brasil (BC) realizou uma análise das características dos tomadores de empréstimos de quatro grandes bancos que, juntos, detinham 74% do mercado em julho de 2011. Entre as informações analisadas nos dados cadastrais, estão gênero, idade, estado de residência, tipo de ocupação e inadimplência.
Segundo o levantamento, em todas as regiões do Brasil clientes com a ocupação “profissional liberal” ocupam o desconfortável primeiro lugar na lista de inadimplentes. Na região Centro-Oeste, é onde há o pior indicador: 5,2% dos profissionais liberais estão com pagamentos de dívidas com atraso superior a 90 dias. Em seguida, estão as regiões Sudeste (5,1%), Sul (4,6%), Nordeste (4,5%) e, por último, os Estados do Norte (4,4%).
A segunda categoria com mais calotes é a dos empresários, cujas taxas de inadimplência oscilam entre a máxima de 4,3% no Centro-Oeste e a mínima de 3,7% no Sudeste. No restante do Brasil, a taxa de atrasos entre os empresários é de 4% no Nordeste e Norte e de 3,8% no Sul do Brasil.
Conforme a análise do BC, os empregados do setor privado são, proporcionalmente, mais caloteiros do que funcionários públicos. Em quatro das cinco regiões brasileiras, clientes que trabalham na iniciativa privada têm taxas de inadimplência maiores que os que estão no setor público. A única exceção é o Sul do Brasil, onde o quadro se inverte.
Na região Sudeste, enquanto a taxa de calote entre os devedores que trabalham no setor privado é de 3,3%, o porcentual entre os trabalhadores do serviço público é de 2,1%. No Nordeste, estão os servidores públicos que melhor pagam as dívidas no Brasil, com inadimplência de apenas 0,6%. Nessa mesma região, o indicador dos empregados privados está em 2,1%.
Entre os brasileiros que deixaram de trabalhar, os nordestinos são os melhores pagadores, com taxa de inadimplência de 0,8%. Os aposentados que estão no Centro-Oeste brasileiro, possuem uma taxa de 1,9% de inadimplência, e do Sudeste e Sul, ambos com índice de inadimplência de 2,3%.
Portanto, o BC desmistificou que pobre, aposentado, trabalhadores do serviço público e até mesmo sem emprego não pagam suas dívidas – e deu mais um argumento de que não vivemos uma bolha de crédito com riscos de inadimplência.
Paulo Daniel é economista, mestre em economia política pela PUC-SP, professor de economia e editor do Blog Além de economia.
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