sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

12 perguntas sobre o WikiLeaks

Pelo Mundo / Blog dos correspondentes da Folha de São Paulo

"Nos últimos três dias, o vazamento das comunicações diplomáticas americanas pelo WikiLeaksdominou minhas leituras, aulas, colegas de classe e de trabalho, professores e os diplomatas (incluindo ex e futuros), ativistas e advogados com quem falei. Até para o marido (que também é jornalista) sobrou discussão.

Tenho algumas ressalvas ao trabalho de guerrilha da informação desenvolvido pelo Julian Assange, mas até agora vejo mais méritos do que deméritos (a curiosidade é mais forte do que a preocupação).
A ver como continuam os futuros vazamentos. Assange se diz jornalista, mas eu o vejo mais como um ativista.  Fuçar os documentos para achar o que há de relevante cabe aos jornalistas (como bem fez o Fernando Rodrigues, aqui na Folha) e historiadores (caso do Timothy Garton Ash, no “Guardian”).

Se não, corremos todos o risco de ficarmos presos nesse zumbido sobre o gosto do ditador Muammar Gaddafi por dança flamenca e enfermeiras gostosonas. Divertido, mas e daí?

Vou enumerar algumas questões levantadas nesses últimos dias por essa gente toda que eu ouvi ou li (outras são dúvidas minhas).
Nem todas têm resposta, sobre algumas eu tenho posição, e o leitor fica convidado ao comentar o que quiser.

1) A questão mais importante, para os diplomatas, é para o Departamento de Estado e ao Pentágono: como um recruta de 22 anos, estacionado no Iraque, consegue acessar tudo isso com tanta facilidade?

Sem resposta aqui. Eu sou do tempo em que passava Agente 86 na TV, e acho que tudo que é secreto deveria ser guardado por dezenas de portas, senhas e firewalls. Parece que algo falhou. Essa é uma pergunta que o governo americano tem de fazer para seus funcionários.

2) Vazar essa tonelada de documentos ajuda ou só tira o foco das discussões que realmente interessam?

Depende, e há argumentos de ambos os lados.
No caso do Brasil, os documentos não trazem um fato surpreendente em si, mas ajudam a entender a imagem que os EUA têm do pais e como as relações se dão.

Acho importante saber quais as prioridades americanas aqui, quem eles andam perfilando (como a comunidade libanesa em São Paulo ou na Tríplice Fronteira) e no que eles acreditam (tipo, que há 20 mil membros do grupo Hizbollah no país – nesse caso, não importa se você vê o grupo como terrorista ou como ativista/assistencialista, o ponto é que os EUA vêem como terrorista e querem cerco cerrado).
Mas também acho que cabe aos jornalistas, sobretudo às apressadas agencias de notícias, acertar o foco. Para que os leitores/espectadores não corram o risco de serem inundados e distraídos apenas por obviedades e fofocas sobre enfermeiras ucracianas e nobres ingleses.

3) É muito barulho por nada, como disse o presidente Lula, e de fato não há novidade nos telegramas?

De novo, sim e não. Não há nada inesperado ou grandioso até agora, mas nem por isso o que consta dos telegramas era amplamente disseminado ou sabido por aí. O material ajuda a montar as peças do que é a política externa hoje e nas décadas recentes. E não só dos EUA, também de outros países.

Afinal, os telegramas expõem impressões dos americanos sobre os demais países _veja o caso da China como a Coréia do Norte  ou do Brasil coma França. São impressões, sim, mas é a avaliação com a qual os EUA trabalham.”
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