quinta-feira, 1 de julho de 2010

Quem quer acertar, não pode tremer na mira

Este episódio da noite de ontem-madrugada de hoje ensinou muita coisa a quem, como eu, ainda não tem tanta estrada assim na vida da política.
A primeira delas é interesses e ambições políticas pessoais, embora sejam legítimos – e, de certa forma, tornem-se mesmo indispensáveis e essenciais numa disputa eleitoral – jamais podem se sobrepor aos interesses e necessidades coletivos.

Porque na dança da política, como na árabe, os véus podem existir, desde que sejam diáfanos e não ocultem o contrário do que insinuam.
A força do sentimento difuso de uma população, embora não saia publicada nos jornais, condena ou consagra candidaturas. Não quer dizer, necessariamente, que estas saiam numericamente vencedoras, mas é a chave das derrotas ou das vitórias políticas.
A segunda lição que tiro é a de que os limites de um acordo político, embora existam, só podem ser os da honra, da dignidade e o da fidelidade ao povo. Lembro-me da frase de Brizola, de que a política ama a traição, mas abomina os traidores.  Se alguém quer agir coerentemente, ao romper com o que defendeu, tem que passar no mínimo por um período de semi-mudez, um recolhimento sabático, antes de buscar outros rumos.
Se não o fizer, pode até obter uma vitória eleitoral circunstancial, mas estaria fadado a carregar por toda a vida o estigma da inconfiabilidade, da escassez ética, da perda de credibilidade. Há tantos destes circulando na política brasileira que nem preciso personificá-los, não é?
E a terceira lição é a de que, quando estamos travando uma batalha decisiva, não podemos nem tergiversar, nem praticar irresponsabilidades. Se me perdoam a heresia da citação – embora a figura seja tão simpática e querida do povo brasileiro – é como a famosa frase de Chacrinha, o Abelardo Barbosa: o programa só acaba quando termina.
Mais de uma vez disse aqui aos leitores, durante este imbróglio: calma, nada de precipitação. A crise real é na candidatura Serra, a que se criou no seio das forças progressistas no Paraná foi uma tentativa torpe – e até pessoalmente desrespeitosa com o personagem do qual se serviram para ela – de dar um golpe de esperteza.
Meus parabéns a todas as lideranças e militantes políticos, do PDT e dos partidos aliados, que souberam agir com a dose certa de firmeza e de paciência, e ao Senador Osmar Dias, em relação ao qual todos reconhecemos a delicadeza da situação pessoal que os fatos impuseram, mas que soube perceber que mais alto falam, sempre, os interesses do país e do povo.
Parabéns a todos que não tremeram, nem de medo nem de raiva, na mira. É assim que nós podemos e vamos acertar no alvo.
Brizola Neto

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