sexta-feira, 9 de abril de 2010


O nome da assassina 


 



Não consigo encontrar um só inocente nessas tragédias climáticas que assolam o país. E não me refiro só aos governantes de todos os níveis e partidos – cheios de responsabilidades pelo sofrimento dos flagelados –, mas a cada cidadão de cada quadrante do Brasil.

Para começar a entender ao que me refiro, basta olhar para quem são as vítimas da enfurecida mãe natureza. Elas têm uma característica decisiva que as expõe a essas tragédias que se repetem uma e outra vez a cada ano, desde sempre: são todas pobres.
E a pobreza é decisiva para definir quem serão as vítimas dessas catástrofes porque empurra as pessoas para morros ou para guetos nas grandes cidades para os quais o Estado olha menos do que deveria, até por não ter recursos para solucionar todos os dramas da pobreza.
Mas por que o Estado não tem todos os recursos de que necessita, se este é um país tão rico?
Sabendo-se  que bairros inteiros fatalmente  alagarão em São Paulo ou que encostas desmoronarão no Rio de Janeiro tão certo quanto a noite sucede o dia, deveria haver uma ação coordenada entre os governos federal, estaduais e municipais para impedir o morticínio que todos sabem que virá.  
Mas não adianta: enquanto houver tanta pobreza em um país tão rico, essas mortes estúpidas continuarão ocorrendo com a previsibilidade da sucessão das estações do ano.
É uma aberração o nível de pobreza brasileiro, que obriga famílias inteiras a irem viver nas franjas desestruturadas das cidades de todos os portes e de todas as regiões do país.
Podemos culpar o governo federal, os dos Estados e os dos municípios de acordo com as nossas conveniências políticas tanto quanto a imprensa pode denunciar certos políticos e poupar outros, também de acordo com os seus interesses político-partidários. Todos estarão certos e errados ao mesmo tempo.
A verdadeira culpa é do conjunto da sociedade, que admite que exista uma pobreza tão grande que obriga pessoas a arriscarem suas vidas vivendo em locais nos quais se sabe que suas próprias vidas estarão ameaçadas.
O nome da monstruosa assassina que mantém um país tão rico produzindo tragédias admissíveis somente em países miseráveis a despeito de ter todos os recursos para salvar essas vidas, é concentração de renda.
Essa pobreza tão extrema poderia ser evitada se os setores que fazem do Brasil um dos países mais desiguais do mundo admitissem contribuir de forma equânime com os cofres públicos. Mas essas fortunas absurdas que nos afrontam nem mesmo pagam seus impostos em dia, enquanto financiam políticos para impedirem que as façam contribuir.
Enfim, rodamos, rodamos e chegamos ao mesmo ponto de sempre, pois só há uma forma de mudar essa situação. Precisamos educar nosso povo para que sempre faça opções políticas que levem o país a distribuir renda.
by: cidadania.com

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