terça-feira, 6 de abril de 2010

Ladrões

Enviado pelo colaborador do Blog, meu sobrinho, Rooney Mondroni

Vejo, num livrinho de exatamente um século de idade que tenho,
este textículo do Pe. Antonio Vieira.
Século DEZESSETE!

LADRÕES
"Os LADRÕES de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza, a vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida; porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado"."Os LADRÕES, que mais própria e dignamente merecem este título, são aqueles a quem os Reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força roubam e despojam os povos"."Os outros LADRÕES roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu risco, estes sem temor nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados, e estes furtam e enforcam. DIÓGENES, que tudo via com mais aguda vista, que os outros, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levava a enforcar uns LADRÕES e começou a bradar: Lá vão os LADRÕES GRANDES a enforcar os PEQUENOS. Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas são as outras nações, se nela não padecera as mesmas afrontas! Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um LADRÃO por ter furtado um carneiro, e no mesmo ser levado em triunfo um Cônsul, um Ditador, por ter roubado uma província? E quantos LADRÕES teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes! De um chamado Seronato disse com discreta contraposição Sidônio Apolinário: "Non cessat simul furta vel punire facere"."Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos e em os fazer. Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os LADRÕES do mundo para roubar ele só".

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