quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O beijo é um bom termômetro, quando o casal deixa de beijar, a relação já era

(foto: reprodução)

No início, as relações são mais quentes. Entretanto, é normal que, depois da fase da paixão, o casal estabeleça um ritmo e divida sua atenção com outras atividades, além do sexo. “Voltados para outros interesses, alguns têm a impressão de que os estímulos sexuais diminuem", diz o terapeuta sexual Oswaldo Martins Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex). O desejo pode diminuir, pois o relacionamento é tomado pelo conforto de que a pessoa estará ali, ao lado, quando a vontade de transar surgir.
De acordo com a terapeuta sexual Maria Luiza Cruvinel, de São Paulo, uma das crises previsíveis em qualquer relação que se torne estável é o “luto da paixão”. “Há um conflito entre diminuição do desejo sexual e o aumento da afeição, proximidade, companheirismo e ternura”, diz. O arrefecimento da paixão, na verdade, fortalece o vínculo afetivo.
A estabilidade permite a satisfação de outras necessidades, fora o sexo. “O sentimento de pertencer, o companheirismo e a segurança de ter alguém podem superar a necessidade sexual. Isso permite que o casal mantenha-se junto, indefinidamente”, explica Oswaldo Rodrigues, cuja opinião é a de que o prazer sexual não é suficiente para manter um casal unido. “Muitas pessoas que consideram ter uma vida sexual incrível tendem a se separar quando o cotidiano, a segurança e a confiança não existem ou não são buscados pelo  casal."
Para alguns especialistas, raros são os casais que não experimentam temporadas de sexo morno ou de abstinência. E um dos mitos mais destrutivos é o de que casais saudáveis emocionalmente têm uma vida sexual consistente. "Não é verdade que bons relacionamentos sejam sinônimo de sexo. Proximidade e desejo erótico não são a mesma coisa, ainda que interativas. A relação amorosa sexual com a mesma pessoa por um tempo prolongado pode levar à falta de estimulo. Alguns casais ficam tão próximos que a química entre eles é neutralizada”, explica Maria Luiza Cruvinel, que ressalta que, nem por isso, a relação se esvai.
Outras demandas
O sexo perde importância quando homens e mulheres passam a priorizar outras preocupações ou demandas. O nascimento do primeiro filho costuma ser uma prova de fogo, que leva à diminuição da valorização e do tempo disponível para transar. Mas não se transforma em uma relação de irmãos. Os casais contam com outros fatores que os mantêm juntos, como planos de vida e a manutenção da família. "Tais aspectos passam a ser mais importantes do que o sexo, muitas vezes”, diz Oswaldo Rodrigues.
Seguindo a mesma linha de raciocínio de Maria Luiza Cruvinel, Cristina Romualdo, coordenadora do Instituto Kaplan de tratamento terapêutico, em São Paulo, diz que é essencial considerar as diferentes fases do relacionamento conjugal. “Muitas vezes, o investimento em outros projetos do casal -filhos, bens materiais, carreira, viagens- tiram a energia da vida sexual, mas mantém a qualidade do relacionamento em alta, com muito prazer”, diz. “Assim que conquista seus objetivos, o casal volta a investir no sexo, de forma diferente, mas satisfatória.”
Ainda segundo Cristina, um erro comum é achar possível retomar o sexo vivido no início da paixão. “Os casais precisam, juntos, desenvolver outras formas de interação sexual, aprender a inovar”, diz. Além disso, devem saber como lidar com o excesso de compromissos, profissionais e sociais, as infindáveis cobranças, o estresse e a ansiedade -característicos da vida atual e grandes vilões do divertimento, lazer e prazer.

Se a falta de sexo te faz infeliz
 

Cada casal encontra um jeito próprio de se relacionar, e não há nada de errado em sublimar uma vida sexual desestimulante se acharem o bom convívio e a cumplicidade suficientes. No entanto, se a ausência de sexo é reflexo do desinteresse pelo outro ou a nova rotina sexual não faz o casal (um dos dois ou os dois) feliz, há um problema.
Há especialistas que defendem que o sexo ruim pode, sim, degringolar a mais saudável das relações amorosas, principalmente quando é resultado de uma vida a dois frustrante. “O beijo é um bom termômetro. Quando o casal deixa de dar um bom beijo, a relação já era”, diz a terapeuta sexual Carla Cecarello, de São Paulo. Outros sinais: abandonar as carícias e carinhos ao longo do dia e se a intimidade, quando há, é somente para o sexo. Aí, a relação vai mal.

Algumas pessoas nem percebem que o relacionamento está estagnado por causa do sexo, na opinião de Carla. São casais que vivem bem, não brigam, mas na cama agem sempre do mesmo jeito. “Ficam acomodados". É bom lembrar que o sexo envolve muito mais do que o ato. Uma vida sexual feliz inclui beijo na boca, vontade de despertar o desejo um no outro e troca de afetos fora da cama.

Há homens e mulheres que só percebem a crise diante de um comentário de alguém ou com indícios de uma traição. Segundo Maria Luiza Cruvinel, erotismo em casa exige envolvimento e atenção. “Queixar-se do tédio sexual é fácil e convencional. Alimentar o erotismo no lar é um ato de desafio declarado. Casais eróticos compartilham uma habilidade especial: são capazes de se adaptar a novos desafios, são versáteis e criativos. Esses casais fazem o sexo acontecer."

Fonte: UOL

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