segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os alcaguetas estão chegando


A criação do tal "Folhaleaks" evidencia a necessidade que o jornal paulistano tem de se valer sempre do marketing como sua arma principal. Também a sua submissão aos modismos - afinal, o sucesso do pioneiro e revolucionário Wikileaks não pode ser ignorado, embora seja óbvio que as informações passadas para a Folha serão devidamente usadas em benefício próprio - como seus "concorrentes", a Folha age muito mais como um partido político do que como um jornal de verdade...
Há quem diga que a novidade institui o dedodurismo na imprensa nativa, por aceitar denúncias anônimas.
Não chega a tanto, pois todos sabem que a imprensa brasileira a vida inteira se valeu do vazamento de informações das mais variadas fontes para praticar o que intitula, muito inapropriadamente, de "jornalismo investigativo".
Mas chama a atenção o fato de a propaganda do tal "Folhaleaks" enfatizar que os alcaguetas serão bem-vindos, e, por tabela, a divulgação ilegal de documentos. O texto sobre a novidade tranquiliza as consciências mais aflitas ao dizer que tudo será checado antes de se tornar notícia.
Puxa, como esse pessoal é bonzinho e responsável!
O idealizadores do tal "Folhaleaks" certamente aguardam uma enxurrada de e-mails sobre todas as falcatruas que se fazem por este Brasilzão afora.
E, como experientes "jornalistas", saberão separar o joio do trigo, mandando para o lixo aquilo que não lhes interessa e colocando na estrada a sua legião de farejadores em busca do ideal de produzir um escândalo por dia, até que o país fique livre de toda a sujeira que se acumulou desde que o PT assumiu o poder e livrou a administração federal das penas da tucanagem.
Porque, no fundo, a novidade servirá apenas para isso.
Claro que tudo será feito em nome do bom jornalismo, da liberdade de imprensa, da função social dos meios de comunicação etc e tal.
É impressionante como faz falta ao Brasil uma legislação que estenda aos jornais a mesma responsabilidade que todos os outros pobres mortais têm.
Crônicas do Motta

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