quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ESTA É A NOSSA CIVILIZAÇÃO ?




- Tais Luso de Carvalho

Penso que refletimos sobre nossas verdadeiras necessidades só após os acidentes, as doenças e os imprevistos que acontecem conosco. Só assim paramos pra pensar nas besteiradas que fazemos na vida. Só pensamos quando estamos à beira de um ataque de nervos ou quando entramos numa  fria. Depois esquecemos e tudo volta ao normal, ao velho e conhecido tranco....

Existe em todos nós um sentimento muito desgastante que se chama competir. Competimos no esporte, competimos no trabalho, competimos em beleza. Competimos em tudo. O tumulto e as pressões que sofrem os atletas, técnicos de esportes, médicos, advogados e diversas outras profissões é uma overdose de estresse. Até os políticos se estressam!!!

Viver é como se equilibrar numa corda dependurada de um edifício ao outro: ou você aprende a se equilibrar ou se esfacela lá embaixo. E cheio de curiosos pra ver se você morreu mesmo ou se sobrou alguma coisa se mexendo.

Viver é pra lá de difícil: e se manter no topo, pior ainda. O ser humano precisa mostrar sua capacidade intelectual, sua capacidade de gerenciar, mostrar poder através de seus dotes pessoais, mostrar sucesso em tudo que faz, mostrar força física, superioridade e muita competência. Esses são os requisitos para se viver com certa folga lá no topo da pirâmide. Ótimo, mas tudo tem um preço. E de uma hora pra outra nos apagamos como uma vela. Não há físico que possa aguentar tantas cobranças, e um AVC pra fechar com chave de ouro.

Ficamos tão pequeninos, tão vulneráveis diante de doenças que seria bom pensar neste desperdício de energia antes do drama. Afinal, o que vale a pena? A passagem por aqui é curtinha; raríssimos os que fecham um século de vida. Onde há riscos, estamos presentes em busca da superação. É moda.

Cometemos atrocidades que até Deus duvida, mas penso que Ele não reparou que ainda somos uma civilização de Bárbaros. Bárbaros fantasiados de gente evoluída. De futuristas.

Milhões de pessoas vivendo sob pressão e estresse. Parece que o planeta é o  Coliseu. Matamos por diversão, por ódio, para roubar, por vingança, por disputa, por avidez, por orgulho... O ser humano em certos quesitos em nada mudou. Na medida em que evolui de um lado, sofre de involução do outro. Continua tão selvagem como nos séculos anteriores. 

Abrimos os jornais e lá estão as manchetes do dia mostrando os mais terríveis crimes arquitetados por mentes doentias, em pleno século 21. Os noticiosos são só drama: começamos com olhos esbugalhados e terminamos acovardados, colocando mais grades, mais trancas e mais alarmes em nossas casas.

Tudo continua igual, mesmo depois de termos ido à lua, mandado pro espaço satélites de precisão, tecnologias das mais sofisticadas, avanços enormes na área de medicina etc. E por nossa espécie ser dotada de mente tão inventiva, é de se lastimar que não foi erradicada a barbárie humana.

Como animais racionais, como seres tidos como superiores, ainda somos umas pobres vitimas de nós mesmos. E como tudo está globalizado, não paira no ar dúvida alguma  desta barbárie toda: assistimos a atos de crueldade e de genocídio através de uma tela de alta definição. E assistimos a tudo isso confortavelmente sentados.

É assim que estamos vivendo: um pouco heróis, e muito de bárbaros. Bárbaros motorizados e informatizados. A maioria de nossa sociedade deveria ficar num Centro de Tratamento Intensivo, e outros em camisa de força até que se descubra algo que possa atenuar nossos ímpetos de selvageria.

'Os homens que viverem daqui a 300 anos, talvez olhem para nós da mesma forma como hoje olhamos para aqueles que viveram na Idade Média e... talvez nos chamem de Bárbaros, observando que à nossa época, matávamos inocentes com a maior frieza e premeditação, justificando nossos crimes como perpetuados em nome da justiça social. Eles dirão que vivemos numa época de obscurantismo intelectual, de medo, de terror, enfim.

Resta-nos a esperança de que nossos críticos futuros, diferindo de nós, pelo menos não inventem meios mais sofisticados, ainda, para matar ou cinismo mais requintado para mentir'. (R.Ropp)

by: Porto das crônicas

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