A escolha do novo ministro dos transportes é um retrato acabado de como a imprensa é preguiçosa no exercício do bom jornalismo. O governo já tem seis meses e os colegas preferem ficar de plantão em frente aos prédios públicos, nas salas de imprensa, ou nos salões do parlamento esperando declarações quando, na verdade, a notícia está em outros lugares.
Nenhum dos repórteres ou analistas de política foi capaz de identificar ou sequer considerar a possibilidade de Passos assumir a pasta. É triste, sinal de que não sabemos fazer uma boa cobertura de política. O mundo mudou, mas não em Brasília. Os vícios de origem permanecem os mesmos.
O que um repórter realmente comprometido deveria fazer? Descobrir, durante a transição do governo, quem eram os novos interlocutores, quem de fato passou a ter influência, quem centralizou as informações relevantes. Só assim seria possível ter matéria-prima para escrever. Mas há outro problema: parte dos colegas prefere fazer jornalismo-denúncia e se afasta de quem de fato tem poder.
A maioria, no entanto, prefere mesmo o "gabinetão", como chamamos nas redações. Um amontoado de declarações que, ou estão na superfície, ou estão deslocadas do sentido real. Quer dizer, os atores ali estão apenas encenando para os jornalistas. Todos sabem que aquela não é a realidade. Mas são grandes as pressões dos editores para que todos tenham nos telejornais noturnos e jornais impressos do dia seguinte as mesmas declarações.
O resultado é: mais uma vez a presidente da República surpreende a todos.
By: DoLaDoDeLá, via Com textlivre
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