Agora há pouco um desses tantos jornalistas especializados em meter o pau no governo (o do PT, claro), dizia, numa emissora de rádio AM paulista, com ares de que havia descoberto uma nova Pedra de Roseta, que a corrupção se torna cada vez mais incontrolável no Brasil.
O gancho para tal afirmação bombástica foi, claro, o Ministério dos Transportes e a turma de negociantes que tomou posse dele. E haja lições de moral, tantas que o tal jornalista se empolgou ao ponto de dizer que os corruptos estão "em todos os níveis da administração pública", citando, literalmente o federal, o estadual e o municipal. Logo, fez um adendo: nas estatais também.....Foi um discurso e tanto. A gente tem de concordar com o veterano jornalista. Mas, passado o impacto da fala, fica um vazio, a impressão que algo estava faltando para dar um tom mais imparcial naquelas fortes palavras. E, pimba!, o óbvio surge em nossa frente com toda a sua força: e o corruptor, como é que fica nessa história?
Pois é assim que essas coisas ocorrem: há o corrupto, que recebe a grana, e o corruptor, que dá a bola a ele. Não existe corrupção sem esses dois elementos. É assim desde quando alguém "paga um cafezinho" para o guarda rodoviário guardar seu talão de multas, até em meio a esses esquemas mais "sofisticados", como na administração pública.
Acho uma tremenda sacanagem esse tipo de "notícia", ou comentário, ou seja lá o que for, que condena às penas mais graves possíveis o corrupto e se "esquece" de quem oferece dinheiro a ele para levar alguma vantagem.
O fato é que se os empresários não topassem entrar no esquema, ele não existiria. Se, indo mais longe, eles denunciassem a existência desses esquemas, seria muito mais fácil combater a corrupção no país.
Mas qual o quê... O que existe no Brasil são empresários talvez mais desonestos que os tão criticados administradores públicos. Gente para a qual o capitalismo não passa de uma selva, sem regras, sem leis, onde a única coisa que vale é aumentar o lucro de qualquer maneira.
Crônicas do Motta
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