segunda-feira, 4 de julho de 2011

BNDES, a jóia da coroa


Acho que é extremamente saudável que o BNDES tenha virado alvo de ataques da mídia, porque só assim para este importante orgão do governo decidir-se, como fez a Petrobrás, adotar uma estratégia de comunicação ousada, compatível com a importância que ele tem para a economia brasileira.

Também resulta numa excelente oportunidade para que a sociedade examine com uma lupa as contas do banco. Entretanto, infelizmente, a maioria das pessoas o fará usando as lentes que a mídia lhe empresta. Cumpre à este blog (prometo nunca mais falar em "blogosfera", porque só posso responder, naturalmente, por mim mesmo) dar uma outra versão......

Eis que pela enésima vez, nos últimos anos, deparamo-nos com uma campanha de confusão deliberada.

Os 4 bilhões de reais que o BNDES aplicou na fusão do Pão de Açúcar com o grupo Carrefour vieram do BNDESPar, um braço da instituição que vem se dedicando justamente a esse tipo de operação, sobretudo a partir da gestão de Luciano Coutinho. Desde que Coutinho assumiu a presidência do BNDES, em 2007, o banco já investiu 42,6 bilhões de reais em compra de participações societárias em empresas das áreas de petróleo, telefonia, energia, mineração, celulose e frigoríficos.

Ou seja, o banco não deu dinheiro para o Abílio Diniz comprar o Carrefour. O banco comprou um naco da nova empresa que nasceu da fusão. E vai lucrar com isso. O gráfico acima mostra que esse tipo de operação vem gerando lucros extraordinários ao banco.

Você, contribuinte, portanto, não está perdendo dinheiro. Ao contrário, o BNDES e particularmente o BNDESPar tem proporcionado gordos lucros para o contribuinte, para o Estado e para o desenvolvimento nacional. Em 2010, último ano do governo Lula, o lucro líquido do banco foi de R$ 9,9 bilhões, contra R$ 550 milhões de reais em 2002, último ano do agora tão festejado presidente Fernando Henrique Cardoso; deixo para o leitor calcular o percentual de crescimento. O BNDESPar foi responsável por boa parte desse lucro.

As manifestações que tenho lido na imprensa, de que ao banco faltaria o uso do S de social, também não se coadunam com a realidade. O BNDES tem aumentado fortemente o investimento em micros e pequenas empresas.

Este é um tema perfeito para ilustramos como às vezes são tolos esses dilemas sobre a conveniência moral e política de defender ou não o governo. Temos que checar os dados. Se esses mostrassem que o banco tem reduzido os investimentos em infra-estrutura (que é o lado mais social do banco) e restringido o crédito aos pequenos, aí sim, teríamos toda a razão de atacar a falta de sentido social da instituição. Não é o que ocorre.

Em 2010, o BNDES realizou 610 mil operações de crédito, 56% a mais do que no ano anterior. Este aumento deu-se obviamente pela maior inclusão de micro e pequenas empresas na carteira de crédito do banco (pois seria ridículo pensar que temos 610 mil grandes empresas no país). Dessas operações, 93% (568 mil) destinaram-se a micro, pequenas e médias empresas e pessoas físicas. O BNDES está usando os lucros que obtém com operações como a de compra de ações do novo Pão de Açúcar para pulverizar o crédito do banco para um número maior de empresas e cidadãos.

Os financiamentos às micro, pequenas e médias empresas somaram R$ 46 bilhões em 2010, quase o dobro do ano anterior, e infinitamente mais do que o governo Fernando Henrique fez durante os oito anos.

Ao ler as críticas ácidas que os colunistas da grande imprensa têm feito à operação do BNDES, também não posso deixar de pensar no apoio entusiástico (ou silêncio conivente) que os mesmos colunistas e os mesmos jornais deram às operações de empréstimo do BNDES para que grupos privados (em alguns casos com forte participação estrangeira) comprassem - a preço de banana - as empresas mais importantes do Estado brasileiro, a saber, a Vale do Rio Doce e a Telebrás.

Em meados do ano passado, houve uma briga entre consultoras para avaliar o valor de mercado da Vale: umas diziam que era de R$ 254,9 bilhões, outras um pouco menos, outras um pouco mais. Pois bem, a Vale foi privatizada por US$ 3,3 bilhões...

Naquele tempo, o BNDES não recebia nenhuma crítica da imprensa...

Quanto ao receio de concentração de mercado, creio que é um receio legítimo e que o CADE deve examinar a operação atentamente. Eu jamais faço compras no Pão de Açúcar ou Carrefour e há dezenas de supermercados diferentes perto de minha casa. Em minha vizinhaça não haverá nenhuma concentração em mãos do novo grupo criado. Gostaria de saber em que regiões do Brasil as pessoas ficarão dependentes de comprar somente nos mercados de Abílio Diniz. O que eu vejo em toda parte, e já vi estatísticas disso também, é que ao mesmo tempo em que há um processo de concentração entre os super grandes, os pequenos e médios experimentam intensa expansão atualmente, por causa do aumento do poder aquisitivo das classes emergentes. O mercadinho local, que andava condenado, voltou a florescer.

Nem falei ainda do Cartão BNDES, voltado exclusivamente para pequenas empresas e pessoas físicas, e que sequer existia há alguns anos. Ele dá R$ 1 milhão a qualquer empresa ou indivíduo que apresente um plano de negócio decente e consiga (isso é o mais difícil) desvencilhar-se dos infinitos trâmites burocráticos e da ignorância e preconceito dos gerentes dos bancos conveniados.

Sei que essse post está parecendo uma peça de propaganda do BNDES, mas a grande ironia disso tudo é que eu nunca ganhei nem jamais ganharei nada do banco, enquanto a mídia que hoje calunia a instituição, e com isso naturalmente gera enorme prejuízo à empresa, recebe milhões de publicidade do BNDES, sem falar nos financiamentos milionários que, via indireta, acabam chegando no bolso dos barões da imprensa.

O mínimo que se esperaria, no entanto, é que o BNDES fizesse um blog aos moldes do blog da Petrobrás, e respondesse à altura de sua importância e dignidade. A instituição hoje é um dos principais pilares da economia nacional, e mesmo sul-americana, na medida em que tem sido grande financiadora de obras de vulto em todos os nossos vizinhos. As colossais obras de infra-estrutura que devem transformar o país nos próximos serão feitas, em boa parte, com dinheiro do BNDES. É natural que o banco, como qualquer outro banco, invista em operações que gerem lucro para a instituição, até para permitir que ela aumente o número de procedimentos que resultam em lucros menores e tem retorno mais lento, como são as aplicações em micro e pequenas empresas.
vi no óleo do diabo

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