sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aécio Neves desiste e nem cita nome de Serra; Ciro insinua que mineiro é vítima de “clandestinidades



Aécio joga a tolha e "esquece" de citar o nome de Serra na carta ao partido; desistência foi definitiva?


Aécio Neves anunciou nesta quinta-feira que desiste da candidatura à presidência pelo PSDB. E o fez através de uma carta - que merece ser lida com muita calma. O texto é importante pelo que diz. Mas é muito mais importante pelo que não diz.

Qual é a palavra que Aécio não pronuncia nos 27 parágrafos de sua carta? "Serra". Esta é a palavra que Aécio não diz.

Um político mineiro se comunica assim. Se estivese tudo bem entre Aécio e Serra, o governador mineiro deixaria claro que renunciava para apoiar o paulista. Não o fez. Calou-se sobre Serra. E falou sobre todo o resto.

Alguns colunistas da imprensa tucana tentaram enxergar pontos favoráveis a Serra na carta, pelo tom que Aécio adotou em determinado momento:

"Defendemos um projeto nacional mais amplo, generoso e democrático o suficiente para abrigar diferentes correntes do pensamento nacional. E, assim, oferecer ao país uma proposta reformadora e transformadora da realidade que, inclusive, supere e ultrapasse o antagonismo entre o "nós e eles", que tanto atraso tem legado ao País.
Devemos estar preparados para responder à autoritária armadilha do confronto plebiscitário e ao discurso que perigosamente tenta dividir o País ao meio, entre bons e maus, entre ricos e pobres. Nossa tarefa não é dividir, é aproximar. E só aproximaremos os brasileiros uns dos outros, através da diminuição das diferenças que nos separam."

O jornalismo a serviço de Serra viu neste trecho um recado a Lula. Mas reparem na sutileza: Aécio não cita o PT, não deixa absolutamente claro que se refere a governo Lula. Tudo o que ele diz poderia ser lido, também, como um recado aos métodos de Serra, especialmente quando afirma que é preciso superar o "antagonismo entre o ´nós e eles´, que tanto atraso tem legado ao país".

Essa frase é também um recado a Serra.

Mas o recado mais direto veio de Ciro. Ao tomar conhecimento da desistência de Aécio, Ciro afirmou:
"Compreendo, porque já vivi na pele, que Aécio Neves deve estar sofrendo todo tipo de constrangimento, especialmente oriundos de clandestinidades e manipulações de setores de mídia."

A quem Ciro se refere? Quem utiliza métodos da "clandestinidade"?

Há algumas semanas escrevi aqui sobre a maneira como o adversário de Aécio estaria usando jornalistas amigos para enviar recados a Aécio. Vocês lembram do episódio da festa no Rio? Uma testemunha teria visto
Aécio bater na companhante. A nota foi divulgada por um blogueiro de São Paulo. Escrevi sobre isso aqui - http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/pela-imprensa-o-recado-para-aecio-e-serra-em-campo.

Sabe-se que o clima no PSDB é de conflagração.

Hoje mesmo recebi por e-mail um dossiê sobre José Aníbal, deputado tucano por São Paulo. O dossiê é pesado, mistura informações pessoais com dados financeiros.

Quem teria interesse em divulgar um dossiê desse tipo? A pessoa que envia dá a impressão de mover-se por vingança pessoal. Coincidência: vingança pessoal às vésperas de um processo eleitoral (que promete ser o mais sujo da história)...

O que José Aníbal e Aécio tem em comum? São adversários de Serra dentro do PSDB. Anibal disputou (e ganhou) o posto de líder tucamo na Câmara - contra o candidato apoiado por Serra.

A primeira vítima das "clandestinidades" parecem ser os adversários internos. Imaginem o que não virá em 2010?

Dilma que se prepare.

Rodrigo Vianna em O escrevinhador

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