terça-feira, 22 de março de 2011

Que sinais Lula quis dar

Marcelo Pimentel

A ausência do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva vai dar muito o que falar. De todos os ex-presidentes, ele foi o único a não participar do encontro com o presidente norte-americano Barack Obama.
Para os mais ávidos pela teoria de que a criatura sempre vai trair o criador, Lula quis demonstrar insatisfação com a postura da presidente Dilma Rousseff, que inicia voo solo contrariando as expectativas de que teria sempre ao seu lado a sombra do líder carismático petista. Com isso, a sua ausência seria uma sinalização de reprimenda à presidente.
A segunda leitura que se faz é a de que há um desgaste entre Lula e Obama, reflexo da posição brasileira em relação ao Irã.
Por fim, a versão oficial é a de que Lula deixou de participar do encontro para estar presente numa festa de aniversário familiar. Jogo minhas fichas nesta opção.
A sagacidade política de Lula não o levaria a se ausentar de um encontro tão importante por conta de divergências com a presidente Dilma, nem se curvaria ao presidente norte-americano, que rasgou elogios a ele mesmo e a FHC.
O que Lula quis mostrar é um desapego ao poder. Sarney, Collor, Itamar e FHC não abriram mão do convescote, e puderem relembrar os tempos áureos do poder. Lula, por sua vez, como um homem do povo, cumpriu o seu papel e agora curte o repouso dos justos junto à sua família. Quem poderá tirar o melhor proveito do episódio?
Como ator político, Lula cria no imaginário popular uma figura singular, que troca o presidente dos EUA por uma simples reunião de família. Demonstra assim, que seus valores não estão no poder e no seu glamour, mas na consolidação dos valores familiares. Pode também ter deixado Dilma e Obama intrigados, mas isso são 'outros quinhentos'. De forma intuitiva ou não, Lula ainda vai nos dar lições que não encontraremos em nenhum livro de marketing político.



Marcelo Pimentel, é proprietário da Marcelo Pimentel Marketing Político e GovernamentalConheça o site: http://www.marcelopimentel.com.br/

Um comentário:

  1. Classe e elegância são pra quem tem e não pra quem quer! Não há sociologia que as compre.
    E independe de ser diplomado e poliglota, viu FHC???
    Nunca é tarde para aprender!

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