sábado, 26 de março de 2011

O monopólio do futebol


A rebeldia do São Paulo Futebol Clube contra a alta cartolagem brasileira tem custado caro para o clube da elite paulistana. A última má notícia é que a Globo anunciou que vai transmitir, em relação ao campeonato do ano passado, a metade dos jogos do time.....
Antes dessa punição, o São Paulo já havia visto seus planos de transformar o velho estádio do Morumbi no palco da abertura da Copa do Mundo de 2014 serem destroçados pela Fifa, a entidade que manda no futebol mundial.
A relação entre o clube paulista e a Confederação Brasileira de Futebol, que não era boa havia algum tempo, se deteriorou completamente depois que o SPFC "rompeu" com a Federação Paulista de Futebol, comandada por um aliado de Ricardo Teixeira, o todo-poderoso e eterno dirigente  do esporte no país, que tem pretensão de comandar a Fifa.
Mais recentemente, o clube ajudou a articular a vitória de Fábio Koff para a presidência do Clube dos 13, entidade criada para representar os interesses dos maiores clubes do país, contra o candidato patrocinado pela CBF. Foi a gota d'água no relacionamento com a entidade.
E o que tem a Globo com toda essa história desenvolvida nos bastidores do futebol brasileiro? Simples: a rede de televisão mantém uma relação carnal com a CBF, que organiza o campeonato brasileiro, cujos direitos de transmissão, hoje com a Globo, corriam o risco de passar para outra emissora. É que o Cade, órgão antitruste, determinou que, daqui para a frente, a venda dos direitos fosse feita através de licitação, de modo transparente, pelo Clube dos 13, como representante dos times, o que, evidentemente, deixou a Globo em polvorosa.
O resultado desse imbroglio é que a Globo melou completamente o processo, aliciando os clubes para uma negociação em separado. Com o Clube dos 13 ficaram algumas poucas agremiações, entre elas o São Paulo, que acabou sendo retaliado pela emissora.
Essa confusão toda serve, pelo menos, para alguma coisa. Revela que o futebol brasileiro, infelizmente, ainda está anos-luz de distância de poder ser considerado profissional, já que os interesses que movem seus dirigentes não são os mesmos dos seus associados, dos seus torcedores, ou do público em geral. Mostra ainda que em muitos setores as relações capitalistas ainda engatinham no país e permitem que uma emissora se aposse inteiramente, num monopólio cínico e descarado, do esporte que mexe com a paixão de praticamente todo o povo.

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