sábado, 31 de julho de 2010

Os reis do riso


No fim dos anos 80, os Mesquitas que mandavam no Estadão resolveram que era hora de oxigenar o jornal, mudar o comando da redação, de quebrar alguns tabus. Contrataram para a tarefa uma das estrelas do jornalismo de então.
O sujeito chegou cheio de moral e foi logo mexendo em tudo. Decretou que opinião era nas páginas 2 e 3, reservadas a artigos e ao editorial, e o restante, dali em diante, estava destinado ao jornalismo.
Até que veio a campanha presidencial de 89. E o Estadão, depois forçar a barra para ver se o pesadíssimo Afif Domingos decolava, se rendeu ao charme de Collor, a grande esperança branca daqueles tempos.
Numa reunião da primeira página, que reunia os editores para vender as matérias principais, o tal tipo, com seu estilo senatorial, de quem tem a última palavra sobre tudo e não aceita contestação, mandou ver:
- Nossa cobertura da campanha está parcial. Só fala bem do PT. Daqui em diante, acabou.
E se seguiu o silêncio.
Claro que o Estadão não havia publicado matéria nenhuma a favor do PT e de seu candidato. O recado era evidente. E a determinação foi seguida à risca.
Anos depois, já neste século, quando Lula já tinha sido eleito, essa figura não estava mais no Estadão. Os manda-chuvas da redação eram outros. Nas reuniões da primeira página os pedidos para que as matérias "baixassem a bola" do PT deram lugar a outra prática: o costume era contar a última piada sobre Lula, sua mulher Marisa ou sobre a ministra Benedita da Silva. Entre tantas, me lembro de uma, que dizia mais ou menos assim:
- Sabe qual foi a primeira coisa que dona Marisa disse quando chegou no Palácio do Planalto? "Nossa, quanta janela eu vou ter de lavar!"
E se seguiram risos.
Cronicas do Motta

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