quinta-feira, 1 de abril de 2010

Uma carta para Dona Lindu

                                               Cumade Fulozinha Cortando Lenha

O texto abaixo foi escrito e enviado para mim por uma pessoa muito querida - Minha Irmã! Nele ela descreve uma carta fictícia entre duas comadres moradoras do Sertão de Pernambuco. Ela - "Cumade Fulozinha" e Dona Lindu, na carta "Cumade Du". Ela fala da Entrevista de um General a Geneton Morais (que não é nosso parente) que vai ao ar pela Globonews no próximo sábado. Gostei e publiquei!






Quirida Cumade Du:

Eu to escrevendo pra dizer a tu que vai tê um pograma numa dessas TV paga (Cuma se as ôtra fosse de graça!) falando de uns home daqueles tempo que teu minino andava nos sindicato lá do ABC. É uns sordado estrelado, uns tar de generá . Pelo que eu vi vai sê muito ingraçado.Eu já se ri foi munto! Tu magina aqueles sordado estrelado dizendo que nada daquelas coisa foi verdade que na tar ditadura (Cuma se tivesse ditamole ! Eu hein!) ninguém apanhou, ninguém morreu e o pior, aquelas mãe que inté hoje tá prucurando os fio que sumiru sem dêxá rasto é tudo doida. Deve de tar com a mulesta do cachorro! E oi que o home inda pregunta : “Seu pai foi preso?” Seu irmão foi preso? Pior ainda Cumade: quando o rapaiz responde que foi ele, diz que é pruquê êle mereceu. Tais veno! Logo tu Cumade que tava duente quando teu minino foi preso. Tu que é e sempre foi mulé sera e dicidida que nunca têve duas palava, sê chamada de mintirosa! Ou então dizê que se teu fio foi preso é pruquê ele amereceu. Sei não Cumade! Só sendo doido ou intão muito ruim. Sabe de uma coisa Cumade? Eu acho que esse véio sordado tão é inventando coisa ou intão deve de tá cum aquela duença que tem um nome de alumão : um tar de Zé Raime. Diz que as pessoa que tem essa duença se isquece de tudo o que faz. Só farta dizê qui num era ele que tava lá. Além do mais Cumade Du, dize tumbém que muitos desses duente fica tudo raivoso, de cara feia, fica inté brabo. Entonce eu acho que aqueles dois minino, os sordado estrelado já nascêro cum esse Zé Raime. É que derna de novinho eles já era assim. Mai vamo vê o que eles tem pra dizê. Afinar nois num é cuma eles que num dêxava ninguém falá das coisa que eles num queria ou num dava valô. Nois num é paricido cum eles em nada, né Cumade? Nois pode inté sê bronco mas derna de piqueno nois sabe que os ôto tem direito de falá. Num perda, viu Cumade! Quem faiz as pregunta é aquêle minino cunterrano nosso, o Geneton. Vai sê sábo agora , sábo de aleluia (graças a Deus que é sumana santa, pois isso deve de sê coisa do Capêta). Vamo vê Cumade! E avisa aí praqueles minino que êlis diz que é cumunista (eu sei que eles tudo é direito e arfabetizado e inté tumaro vacina), só puquê iscreve um tar de brog dizeno coisa que eles ainda hoje tão pensano que num se pode dizê. Sei não Cumade! Nois tem é que tê pena, pur conta do Zé Raime. Um abraço pra tu e pru teu minino!



Cumade Fulôzinha – de mulé pra mulé.





Texto: Marise de Morais e Silva

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