quarta-feira, 31 de março de 2010

As novas etapas da campanha presidencial

por Marcos Doniseti, no blog do Nassif]

Nassif, escrevi um longo artigo onde procurei analisar o ciclo de crescimento de Dilma, que parece ter se esgotado neste primeiro momento, a se confiar nos resultados da mais recente pesquisa Datafolha.

No entanto, a pesquisa Datafolha ainda precisa ter os seus resultados confirmados por uma pesquisa mais confiável, devido aos fortes laços que unem Serra, o PSDB e a empresa proprietária do instituto, que é a ‘Folha da Manhã’ e que é, na prática, uma atividade participante da candidatura tucana à Presidência da República.


No entanto, caso o Datafolha esteja correto (algo que não podemos descartar, mesmo que o instituto tenha divulgado os números de uma maneira a beneficiar Serra, mas isso é algo de difícil comprovação), Dilma parece ter se estabilizado, ou melhor, esgotado o ciclo de crescimento pelo qual vinha passando , pelo menos, desde o início de 2009.

E Serra parece ter iniciado uma recuperação que, no entanto, não se sabe se irá continuar ou se terá fôlego curto.

Isto não impede, que Dilma possa, sim, retomar esse crescimento mais à frente, e nem que Serra volte a cair, mas isso vai exigir que a campanha de Dilma arregace as mangas e trabalhe duro, pois esta será a campanha eleitoral mais dura e agressiva desde a redemocratização, sem dúvida alguma.

Aquela idéia de que Dilma teria uma vitória fácil, no 1o. turno, parece que ficaram para trás depois do Datafolha. Os recentes casos da Eletronet e do Bancoop demonstram isso claramente.

Ainda penso que Dilma tem maiores chances de vitória (devido à popularidade imensa de Lula, ao bom ano que teremos para a economia do país), sim, mas se a sua campanha se acomodar, Serra poderá vencer a eleição, sem dúvida alguma.

Baseado nestas possibilidades abertas pela nova pesquisa Datafolha, escrevi um longo artigo onde procuro analisar os motivos do crescimento de Dilma, o possível esgotamento (neste momento) de seu crescimento, bem como da recuperação de Serra.

Vamos lá, então:

O ciclo de crescimento de Dilma se encerrou? A recuperação de Serra é para valer?

Entre Março de 2009 e Fevereiro deste ano a candidatura de Dilma passou por um ciclo de crescimento, como demonstram as várias pesquisas feitas no período.

Segundo o Datafolha, no período em questão, a candidatura de Dilma saiu de 11% em Março de 2009 (cenário com 4 candidatos) para 23% em Dezembro do ano passado e para 28% em Fevereiro. Agora, em Março, ficou em 27%, demonstrando estabilidade.

O que ocorreu, neste período de tempo, para que Dilma tivesse esse crescimento? Simplesmente, ela se tornou mais conhecida entre o eleitorado e uma parcela maior deste descobriu que ela era a candidata apoiada pelo Presidente Lula e que seria a candidata do PT à Presidência da República.

Na pesquisa Datafolha de Março de 2009 apenas 52% dos eleitores diziam conhecer Dilma e, nesta mesma pesquisa, ela tinha apenas 11% das intenções de voto (cenário com 4 candidatos).

Em Dezembro do ano passado, a pesquisa Datafolha constatou que 80% dos eleitores diziam conhecer Dilma e ela tinha 23% das intenções de voto. Esse índice subiu para 86% na pesquisa do final de Fevereiro, quando Dilma chegou a 28% na pesquisa Datafolha.

É bom esclarecer que o Datafolha considera que basta o eleitor dizer que ‘conhece mais ou menos’ ou ‘que ouviu falar’ do candidato para considerar que o mesmo é conhecido dos eleitores, o que é algo muito questionável, no mínimo.

Afinal, será que um eleitor que diz conhecer Dilma ‘mais ou menos’ ou que ‘ouviu falar’ dela, tem conhecimento de fatos como o de que Dilma é a candidata do PT à Presidência da República e que será apoiada pelo Presidente Lula? É claro que não, pois se tivesse conhecimento disso, ele responderia que ‘conhece bem’ a ministra Dilma e não ‘mais ou menos’ ou que tenha apenas ‘ouvido falar’ dela.

Então, isso mostra que Dilma passou por um ciclo de maior exposição e de conhecimento de sua candidatura por parte dos eleitores e que isso gerou um sensível crescimento nas pesquisas. No Datafolha, Dilma saiu de 11% em Março de 2009 para 27% em Março de 2010 (cresceu 16 p.p.). No mesmo período de tempo, Serra caiu de 41% para 36% (queda de 5 p.p.).

E quais os fatores que contribuíram para esse maior conhecimento do eleitorado a respeito da candidatura de Dilma?

Em primeiro lugar, é claro, a intensa exposição que ela passou a ter ao viajar pelo Brasil inteiro ao lado do Presidente Lula.

Além disso, no final de 2009, o PT exibiu um programa nacional no qual Dilma e o Presidente Lula fizeram uma espécie de ‘bate-bola’ durante 10 minutos. E finalmente, em Fevereiro deste ano, Dilma teve uma grande exposição no Carnaval (seu desempenho durante o mesmo foi excelente, muito superior ao de Serra, que mal conseguiu disfarçar o constrangimento em meio à população) foi escolhida a candidata à Presidente pelo PT.

Depois destes fatos, que tiveram grande repercussão entre uma parcela significativa do eleitorado, Dilma cresceu nas pesquisas.

Porém, depois que foi escolhida a candidata do PT para a Presidência, não tivemos mais fatos de grande repercussão junto aos eleitores e que pudessem servir para que Dilma continuasse crescendo nas pesquisas.

Além do mais, nas últimas semanas, nós vimos o início de uma clara e nítida ofensiva midiática muito forte e violenta contra o governo Lula, Dilma e o PT, no qual tivemos o seguinte:

1) Capas da ‘Veja’ explorando o ‘caso’ Bancoop, que o PIG procurou relacionar com Dilma e com o PT, mesmo não havendo ligação alguma entre eles. Mas, a mentira foi difundida intensamente, seguindo os ensinamentos de Goebbels;

2) ‘Caso’ da Eletronet, no qual a Grande Mídia atacou o Zé Dirceu e fizeram de tudo para atingir o governo Lula, o PT e a candidatura de Dilma;

3) Propaganda maciça do governo do estado de SP na Mídia, dizendo que o estado de SP ‘está cada vez melhor’;

4) Ataques contra Lula e Dilma devido a uma suposta ‘campanha antecipada’ por parte da Grande Mídia. As multas aplicadas ao Presidente Lula pelo TSE podem ter reforçado junto a uma parte do eleitorado a idéia de que isso estava mesmo acontecendo. Mas, se isso não prejudicou Dilma, ajudar, também, não ajudou, certo?;

5) Forte crescimento da exposição de Serra na Mídia: lembram-se dele na praia, empurrando o carrinho de rodas de uma mulher? e da vez em que ele participou de um passei ciclístico? Bem ou mal, lá estava Serra, aparecendo de forma positiva na Grande Mídia, que o apóia totalmente, é claro.

Tudo isso ajuda a entender uma eventual estabilidade nas intenções de voto em Dilma e uma recuperação de Serra neste momento da campanha presidencial, que já está a pleno vapor entre os candidatos, a Mídia e os partidos, mas que ainda não chegou à maior parte do eleitorado. Tanto isso é verdade que o Datafolha constatou que, na pesquisa espontânea, 59% dos eleitores não apontam o nome de nenhum candidato para a Presidência da República. E eles, eleitores, não o fazem porque, de fato, sequer estão pensando no assunto, ainda!

A população vai começar a prestar atenção, mesmo, na campanha presidencial, depois da Copa do Mundo e, principalmente, após o início do horário eleitoral. Daí, sim, é que o eleitorado irá se definir com relação à disputa.

Mas, o fato é que esta ofensiva midiática (altamente negativa para a candidatura de Dilma, para o governo Lula e para o PT), ocorreu num momento em que a campanha de Dilma não criou fatos novos que tivessem maior repercussão junto ao eleitorado e que pudessem dar continuidade ao crescimento . E isso acontece desde que Dilma foi escolhida pelo PT como candidata à Presidente.

Portanto, sempre que Dilma cresceu nas pesquisas, isso foi precedido por alguns fatos positivos e que tiveram grande repercussão junto a uma parcela importante do eleitorado e que, até aquele momento, ainda não conhecia Dilma.

Exemplos: Dilma cresceu em Dezembro, depois do programa nacional do PT que explorou intensamente a sua ligação com o Presidente Lula. Daí, ela saiu dos 16% de Agosto de 2009 para os 23% de Dezembro de 2009.

E Dilma voltou a crescer quando o PT lançou a sua candidatura presidencial e com o apoio declarado do Presidente Lula, o que aconteceu em Fevereiro. Depois disso, Dilma saiu dos 23% de Dezembro e foi para 28% no final de Fevereiro.

Assim, somando-se a ofensiva midiática extremamente agressiva contra o governo Lula, Dilma e o PT nas últimas semanas (‘casos’ Eletronet, Bancoop), mais o aumento da exposição de Serra na mídia (devido à propaganda maciça do governo de SP, programa do Datena) e o fato de que a campanha de Dilma não criou, em Março, nenhum fato que repercutisse junto ao eleitorado, ajudariam a explicar as razões desta estabilidade momentânea de Dilma e da recuperação parcial de Serra na pesquisa Datafolha.

Porém, como já ressaltei aqui, em outras mensagens, o Datafolha é um instituto que pertence à ‘Folha de S.Paulo’, jornal que está na linha de frente da campanha presidencial de Serra e o mesmo pode, muito bem, ter dado uma ‘forcinha’ para Serra nesta pesquisa.

Logo, a prudência recomenda aguardar uma próxima pesquisa do CNT/Sensus ou do Vox Populi para constatar se, de fato, Serra iniciou uma recuperação e se Dilma parou de crescer.

Mas, me parece mais do que evidente que se Dilma quiser continuar crescendo nas próximas pesquisas, a sua campanha terá que se esforçar muito para criar fatos novos que tenham repercussão junto ao eleitorado e que possam permitir a continuidade do seu crescimento nas pesquisas.

Caso a campanha de Dilma se acomode e ’sente’ sobre as conquistas já alcançadas e não reaja à ofensiva midiática, as chances de vitória irão diminuir.

A ofensiva midiática contra o governo Lula, Dilma e o PT nas últimas semanas mostrou, claramente, que esta será uma campanha bem suja, com todo tipo de falsas acusações e mentiras que serão lançadas, de tempos em tempos, a fim de ‘desconstruir’ a candidatura de Dilma, inviabilizando a sua vitória.

Cabe ao governo Lula, à campanha de Dilma e ao PT iniciar uma reação, uma nova ofensiva, a fim de sustentar um novo ciclo de crescimento da candidatura de Dilma nos próximos meses, bem como se preparar para combater aquela que será a mais baixa, suja, vil e imunda campanha eleitoral da história do Brasil.

Senão…

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