sábado, 8 de novembro de 2014

Explicando o crescente risco de esgotamento de outras represas de São Paulo


Explicando o crescente risco de esgotamento de outras represas de São Paulo
Nesta semana, possivelmente como parte de um processo de redução de danos à imagem do Governo de São Paulo, algumas medidas foram anunciadas por Geraldo Alckmin como soluções para contornar a crise hídrica: 1) a interligação dos reservatórios, como solução para o caso de “a água acabar” (de acordo com entrevista dada pelo Governador); 2) a redução da dependência do Cantareira, de forma a fazer com que sua vazão média de saída corresponda à metade do que era antes de a crise ser declarada; 3) a construção de 29 reservatórios (responsáveis pela armazenagem local de água, não pelo aumento de sua produção); 4) a construção de 3 estações de tratamento de água de esgoto com vistas a seu consumo doméstico.
Embora, em tese, algumas dessas iniciativas possam ser vistas como interessantes para, de alguma forma, atuar por sobre a grave crise em questão, chamo-as de factoides por surgirem de forma intempestiva, e por virem a ser implementadas possivelmente após o momento em que a população afetada venha a ficar sem água para suas tarefas mais cotidianas. Vale dizer que a maioria dos reservatórios referentes ao item 3 só ficará pronta daqui a um ano, e as estações de tratamento de água de esgoto só passarão a funcionar em 2016. Poderá ser tarde.
Gostaria de explorar aqui as duas primeiras medidas, em especial a questão da “interligação entre os reservatórios”. A abordagem permitirá com que entendamos algumas dimensões subestimadas da crise, em especial o risco crescente de que todos os demais componentes do Sistema Adutor Metropolitano (para além da Cantareira e do Alto Tietê, integram-no as outras quatro maiores represas que fornecem água para toda a região metropolitana de São Paulo – Rio Grande, Rio Claro, Alto Cotia e Guarapiranga) venham, também, a passar por um processo crítico de esgotamento.
O primeiro elemento, a interligação dos reservatórios, é uma demanda bastante antiga. Trata-se de uma solução que é válida a todo tempo, mas teria sido muito mais adequada se tivesse sido implementada antes do agravamento da crise hídrica. É óbvio que a interligação não significa um aumento global da água disponível, mas ela é importante para tornar o processo de produção do líquido algo realmente sistêmico e integrado. Tivesse sido adotado no passado, hoje o Cantareira, possivelmente, não estaria, já, tendo retirado o seu segundo volume morto.Mas, o que é mais grave, é que a falta de planejamento em sua adoção pode fazer com que – em um contexto de extrema adversidade como o atual – o seu emprego em lugar de outras medidas pode levar ao esgotamento das represas que ajudam aquelas que estão em situação mais crítica.
E por que isso? O que é interessante, ao discutirmos essa medida, é o fato de que ela desnuda um problema subsidiário, pouco comentado pela mídia: nossas “caixas d’água” são pequenas para a demanda populacional. Na verdade, esse é um problema gêmeo a outro, que é a questão da produção de água propriamente dita. Ambas geram o problema do racionamento, e as duas impactam uma na outra com relação à gravidade da questão do desabastecimento. Explico.
A temática da produção de água diz respeito à equalização da demanda por água (pelos cidadãos, de modo geral; pelo comércio; pela agricultura; pela indústria, etc) com a oferta do líquido, quer dizer, o quanto se consegue produzir de água para se atender ao público. De modo geral, esse foi (e é) um dos principais problemas históricos de São Paulo. O que é curioso nele é que em tantas e tantas ocasiões, o racionamento foi decretado enquanto os reservatórios estavam razoavelmente cheios. Isso ocorria porque ou os reservatórios não tinham capacidade de enviar toda a água necessária para as adutoras, ou as adutoras não tinham a disponibilidade necessária para atender a toda uma região. Então os racionamentos eram adotados para que uma localidade fosse plenamente atendida em um momento, para que então outra viesse a sê-lo no dia seguinte, por exemplo.
Já a questão do tamanho da “caixa d’água” (adoto o nome por didatismo) diz respeito à capacidade efetiva de um reservatório. De modo amplo, um reservatório pode ser considerado grande ou pequeno a depender do quanto de água se tira dele, e do quanto de vazão natural ele dispõe (a água que entra a partir dos rios que o formam). Também em linhas gerais, podemos dizer que a segurança hídrica depende do superávit entre essas vazões de entrada e de saída (que podem ser controladas a partir de instrumentos como as curvas de aversão ao risco, que estipulam o quanto do líquido pode ser retirado a depender do nível do reservatório – uma forma de evitar o seu esgotamento).
Na região metropolitana de São Paulo, o racionamento de primeiro tipo foi equacionado como um problema por volta do ano 2000. Ainda assim, até antes da crise hídrica ser percebida, ainda eram comuns os casos de desabastecimento em alguns pontos específicos – i.e., a cobertura de abastecimento não alcançou os 100%, mesmo em São Paulo. Mas, é preciso ponderar que o Governo sempre correu atrás de atender ao crescimento da demanda, jamais conseguindo fazer com que a oferta conseguisse equacioná-la – muito menos abrir uma pequena “vantagem”.
O equilíbrio entre o tamanho da caixa d’água e a produção de água é afetado não só pelas estiagens, que diminuem as vazões de entrada: também um aumento da oferta sem o correspondente incremento das dimensões dos reservatórios também repercute em riscos de déficits. E, a partir desse desequilíbrio inicial, outros maiores podem começar a ocorrer, conforme os reservatórios esvaziam, perdem eficiência em seu processo de transferência de água (que, em geral, ocorre por gravidade) e, então, demandam a retirada de mais água de outros, que se esgotam mais rapidamente. É essa a situação que enfrentamos agora, por exemplo, no Alto Tietê (em especial nas represas de Paraitinga e Biritiba), e no Cantareira (no reservatório intermediário, de Cachoeira).
Por sinal, em 2005, por exemplo, houve a expansão do Alto Tietê, a partir da inauguração das duas represas mencionadas acima. Elas permitiram com que, em tese, a produção de água subisse em 5 m³/s (de forma a fazer com que a oferta quase alcançasse a demanda, que começava a superá-la naquele momento). Essa expansão, na prática, só começou a ocorrer em 2011, quando finalmente foi inaugurada o aumento da capacidade de tratamento da ETA Taiaçupeba. A questão é que essas duas represas, juntas, têm uma capacidade útil de 70 hm³. O sistema inteiro, quando produzia 10 m³/s, tinha aproximadamente 450 hm³. Ele teve a sua capacidade de produção aumentada em mais 50% (mais 5 m³/s), e o seu tamanho em mais apenas 16%. É óbvio, portanto, que esse novo contexto ampliou o seu risco de esvaziamento (especialmente se considerarmos que as vazões naturais não são elevadas o bastante para compensar esse cenário).
Toda essa explicação nos é útil para esclarecer a ideia de que nossas caixas d’água são pequenas para as demandas da população. Mais significativamente, elas são diminutas considerando-se que as expansões promovidas pelos governos tucanos foram pífias ao longo desses 20 anos. Do ponto de vista da expansão da produção, o que se conseguiu foram ou novas outorgas que permitissem retiradas maiores de água, ou melhorias e inovações tecnológicas que ampliassem a eficiência e a produtividade dos reservatórios já existentes.
Em outras palavras, a produção de água foi aumentada, mas a reservação, praticamente não. Nós tínhamos uma produção, em 1998, de algo como 58 m³/s, e agora, até o começo da crise, chegou a 70 m³/s. Esse incremento veio, conforme já comentado, a partir da expansão do Alto Tietê (5 m³/s), da renovação da outorga do Cantareira (mais 3 m³/s), da reversão do Taquacetuba (braço da Billings) para o Guarapiranga (mais 2 m³/s), da ampliação da retirada do Rio Grande (1 m³/s) e de outras pequenas melhorias operacionais.
Ou seja, ampliou-se, nesse anos, a capacidade de produção em cerca de 20,7%, mas e a capacidade de reservação? Em 1998, ela já era bastante similar à atual: apenas houve a enunciada expansão real do Alto Tietê, e de apenas 70 hm³. Se considerarmos os volumes operacionais de todos os reservatórios, ocorreu um incremento, então, de apenas 4,6% (de 1.526 hm³ para 1.596 hm³). O pequeno “pulo do gato”, aí, foi que a nova outorga do Cantareira permitiu a retirada de mais 209 hm³ do Jaguari-Jacareí (o qual, obviamente, não aumentou de tamanho, mas sim passou a ter parte daquilo que era considerado como volume morto em 2004 como volume útil). Considerando-se esse artifício, a “caixa d’água total” teve um aumento de 18,1% ao longo desse período. Trata-se, no entanto, de uma contagem equivocada, que dá uma falsa sensação de expansão, dados os motivos expostos acima.
Se a expansão da produção pode ser considerada, então, como insuficiente, o incremento real da capacidade de reservação não pode ser visto como nada menos do que desprezível. É por isso, então, que se no começo da crise a função da interligação das represas serviria para prolongar o período até o colapso do sistema, neste momento a adoção de tal medida terá ainda menos potencialidade de superar o problema. Pelo contrário, funcionará como uma espécie de “transferência da crise”, acelerando a escassez em outros reservatórios.
Por um lado, a interligação das represas poderia ser útil por permitir com que aquelas que estivessem situadas em regiões em que as médias de chuvas fossem maiores (como o Guarapiranga e o Rio Grande) transmitissem às demais o seu “excedente” de água. Por outro, tendo-se em vista que a situação do Cantareira e do Alto Tietê é absolutamente dramática, a necessidade de auxílio por parte dos demais reservatórios é imensa. E aqui, mais uma vez, voltamos à questão do tamanho das represas. Justamente os dois sistemas em condições mais adversas são os dois maiores: o Cantareira, com uma capacidade total (incluindo até a 3ª cota do volume morto) de 1.459 hm³; o Alto Tietê, com 527 hm³ (já contando com os 10 bilhões de litros do volume morto de Biritiba). Os dois, somados, correspondem a mais de 86% da capacidade total do chamado “Sistema Adutor Metropolitano”. E estão praticamente vazios.
Para piorar, os demais sistemas enfrentam, também, uma situação de escassez relativa – menos grave do que a vivida nesses dois acima, mas também já considerada relevante. Conforme são feitas obras para que os sistemas sejam interligados para salvar o Cantareira (e aqui cabe explicar que não se trata de uma interligação propriamente dita, como poderia ocorrer, mas sim da implantação de boosters e outros equipamentos capazes de enviar a água produzida por um manancial para “mais longe”, de forma a avançar por sobre o território atendido por outro manancial), mais água acaba sendo deles retirada. Em tese, as outorgas concedidas pelo DAEE à SABESP impediriam a extração de mais água do que o estabelecido no documento, mas não sabemos se isso está sendo respeitado nessa situação excepcional (já vimos que no caso do Cantareira os limites de retirada foram desrespeitados, e o mesmo elemento foi questionado, no caso do Alto Tietê, por uma Ação Civil Pública).
O aumento do ritmo das diminuições ocorridas em cada reservatório é um indício de que está, sim, ocorrendo uma saída de água ainda maior do que a existente em condições normais (ou, em hipótese, uma piora significativa das vazões de entrada, o que considero menos provável). A consequência disso é que o problema trágico vivido por Cantareira e Alto Tietê vai alcançando os outros mananciais – os quais são muito menores. A crise hídrica tem o potencial de se tornar, então, um evento cataclísmico ainda muito maior se Guarapiranga, Rio Claro e Rio Grande secarem – mais 7 milhões de habitantes serão afetados, de forma decisiva. E, até onde se sabe, eles não possuem volume morto. A recuperação desses mananciais, então, poderia ser tão lenta quanto a observada para o Cantareira – se ocorrer. Seria a hecatombe que comprovaria a tese, hoje ainda bizarra, de necessidade de evacuação populacional da região metropolitana – e isso em um intervalo de tempo menor do que 1 ano, se as médias de vazão de entrada forem similares às do verão 2013/2014.
Para que tenham uma ideia do cenário atual, em que a crise começa a se tornar clara para todo o sistema produtor – e suas 6 maiores represas – montei a tabela abaixo, a qual reúne uma série de dados relevantes. Explico a seguir.
Na primeira coluna, apresentamos a capacidade total aproximada de cada sistema/reservatório (incluindo, onde cabível – e cognoscível –, as “reservas técnicas”). É possível observar, conforme comentado, que Cantareira e Alto Tietê são muito maiores do que as demais. Na verdade, Alto Cotia e Rio Claro são, praticamente, tanques, já que suas barragens represam muito pouca água. A peculiaridade de Rio Claro é a de que parte considerável das suas vazões de saída advém de outras fontes: apenas 1 m³/s de seus 4 m³/s são oriundos da represa; os demais vêm de captações de rios, de piscinas naturais e até mesmo da interligação com a represa Ponte Nova (a maior do Alto Tietê).
A segunda coluna nos apresenta a quantidade de água disponível no conjunto das represas. Aqui, fui generoso e contabilizei toda a 3ª cota do volume morto do Cantareira como disponível. Observamos que, embora em situação mais do que crítica, Cantareira e Alto Tietê ainda possuem 67,25% de toda a água a ser distribuída para a população – mais um sinal de que a crise é ainda mais séria do que aparenta, e de que não podemos contar, seriamente, com a compensação de outras represas. Ou seja, nas atuais condições, dada a falta de investimentos, é um factoide imenso considerar, como fez o governador, a ideia de se reduzir a dependência do Cantareira (a segunda medida enunciada no começo deste texto).
Aqui cabe explorar um pouco essa questão, conforme prometido. Alckmin havia prometido, até “o início do inverno de 2015” (momento em que, de acordo com meus cálculos, ocorre o esgotamento total do Sistema, se persistirem as condições atuais), que haveria a redução da retirada de água do Cantareira em 50% quando comparado com o que era feito antes da crise – classificando o feito como “fantástico”. Ora, hoje já são retirados 22,5 m³/s (menos, até, nos últimos dias), e a outorga permitia a saída de até 36 m³/s. Ou seja, 62,5%. Até Junho de 2015, apenas mais 4,5 m³/s deixarão de ser captados, diariamente, do Sistema. E essa diminuição dependerá do aumento da produção de outros sistemas: está previsto, por exemplo, o aumento de ajuda do Guarapiranga: mais 1,5 m³/s a partir de Fevereiro de 2015. Parece claro, então, que nem a diminuição da retirada do Cantareira poderá ser suficiente para evitar seu esgotamento, nem as condições dos demais reservatórios permite uma segurança tal que viabilize transferências de vazões sem que suas condições sejam colocadas em risco.
A coluna do “tamanho da caixa d’água” explica em números o que dizia mais acima: nossos reservatórios são pequenos para o tamanho das demandas da população e para as ofertas de água realizadas pela SABESP. Vejam que o Cantareira, apesar de tudo, ainda é o reservatório que mais tem condições de aguentar uma estiagem. Notem como o Guarapiranga, o Alto Cotia e o Rio Claro possuem uma “autonomia” muito menor – ao mesmo tempo em que, por razões óbvias, são aqueles em que as precipitações mais influenciam, relativamente, no volume de água armazenado (área consideravelmente menor para que as chuvas caiam e produzam efeito).
Vale notar, então, quais são os reservatórios que estão “ajudando” o Cantareira: Alto Tietê e Guarapiranga (2,1 m³/s cada), Rio Grande (0,8 m³/s) e Rio Claro (0,7 m³/s). No caso do Alto Tietê, a ajuda começou ainda em Dezembro de 2013 (o que foi anunciado pela mídia apenas em Fevereiro, quando a crise foi publicizada), e depois foi ampliada em Julho. Depois, o Guarapiranga começou a ser utilizado (1,1 m³/s), sendo que agora em Novembro mais 1 m³/s passou a ser retirado – o que acelerará o nível do déficit desse reservatório. Rio Claro e Rio Grande passaram a colaborar em Julho e no final de Setembro, respectivamente. Por esses dados, vemos o quanto a “economia” trazida pelo bônus ainda é absolutamente irrisória: mesmo que consideremos que não haja mais nenhum fator que contribua para a redução da oferta de água (como as válvulas redutoras de pressão), a diminuição da produção de 70 m³/s para 64,4 m³/s significa que houve, apenas, 8% de redução no consumo, caso admitamos uma equivalência plena entre produção e demanda. Há muito o que percorrer na mudança de cultura de uso da água.
Essas retiradas a mais de água, então, impactam o nível global de perdas diárias. Se o Cantareira e o Alto Tietê continuam perdendo bastante de sua capacidade por dia (1,8 bilhão de litros no total, se somados), os demais contribuem com mais de 1,3 bilhão de litros de déficit. O desequilíbrio recente entre oferta e demanda é tão impressionante quanto negligenciado pelos meios de comunicação – são produzidos 64,4 m³/s, mas a demanda supera a oferta em 36,5 m³/s. Trata-se, inequivocamente, de uma situação insustentável, caso as condições permaneçam como as atuais.
E, se mesmo com a redução das vazões de saída do Cantareira é possível observar que seu esgotamento absoluto está próximo (230 dias, no cálculo grosseiro realizado na tabela – 21 de Julho, na estimativa que realizei no artigo que publiquei no começo da semana), o mesmo se torna evidente com relação aos demais reservatórios: em tese, à exceção do Rio Grande, todos podem se esgotar em menos de 100 dias, ceteris paribus. É óbvio que há a probabilidade concreta de que o desabastecimento possa durar mais do que isso, já que estamos entrando no período chuvoso. Mas a preocupação não deve estar no próximo mês, mas em 2015. É impossível não conjecturar sobre o quão severo deveria ser o abastecimento em Abril ou Maio mesmo na situação em que todos os reservatórios estejam, nesse momento, com exatamente o mesmo volume de água que possuem hoje – o que é, sim, uma realidade concreta.
Conforme os outros reservatórios são demandados para além da sua capacidade e começam a secar, será natural que deixem de ajudar uns aos outros, generalizando a situação de colapso, já que o fim do socorro pode significar a volta da radicalização do desabastecimento da represa “ajudada”, e um fôlego momentâneo para aquela que fornecia suporte. Corre-se o risco de se viver em uma contínua “sinuca de bico”, em um permanente xeque-mate da crise hídrica contra a falta de planejamento do Governo do Estado, até o ponto em que a insustentabilidade não possa mais ser camuflada. Se não vivenciarmos, a partir de agora, um contexto hidrológico e pluviométrico olimpicamente favorável, é para esse cenário aterrador para onde, inexoravelmente, caminharemos.
Se há alguma solução para a crise hídrica neste momento, para agora, ela está necessariamente no equacionamento drástico da oferta e da demanda por água. Todas as iniciativas de infraestrutura, mesmo que corretas, demorarão a ser implementadas. Não se pode correr o risco de, simplesmente, deixar a população sem água, esperando até que fiquem prontas. Será fundamental diminuir ao máximo o déficit atual entre entrada e saída de água. É preciso ser realista quanto a isso: se os níveis de todas as represas continuarem diminuindo, haverá uma tendência de que as vazões de entrada também diminuam, e de que as tão comentadas chuvas tenham uma eficácia muito menor do que a usual em aumentá-las neste verão. Não há o menor cabimento em termos um governo com um orçamento de quase 200 bilhões de reais cuja medida de curto prazo mais consistente é anunciar que a “chuva está cada vez mais próxima”. É preciso que tomemos ações que, se talvez já não sejam mais tempestivas, não possam ser vistas, daqui a alguns meses, como meramente cosméticas. Difícil dormir com esse barulho.

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