terça-feira, 10 de maio de 2011

Segundo “especialistas” da mídia, ganhos salariais dos trabalhadores são um risco para a economia


Uma das discussões que estão sendo travadas na imprensa, impulsionadas por “especialistas” em economia da grande mídia brasileira, é sobre o risco de contaminação do ambiente econômico e os prejuízos que a “volta da inflação” podem trazer ao trabalhador brasileiro.

O jornal O Estado de S.Paulo publicou dia desses um editorial em que “vislumbra” um processo continuado de inflação até 2012, justamente por conta da aprovação das regras propostas pelo governo que corrigem o salário até 2015. Economistas preveem um reajuste de até 14% para o salário mínimo em janeiro de 2012.....

Para os “especialistas de plantão” isso representa um grande risco para a economia brasileira, ou seja: corrigir o salário de trabalhador com reposição inflacionária e ganho de produtividade, que é o crescimento do PIB, não pode ocorrer, em nome do bem de toda a nação, inclusive, segundo estes “especialistas”, para o bem dos próprios trabalhadores.

É preciso dizer claramente que o crescimento do PIB é resultado da capacidade da força de trabalho de um povo, se os gestores recebem generosos bônus das grandes corporações pela demonstração de bons resultados, o trabalhador comum também deve recebê-lo. São os trabalhadores os maiores responsáveis pelo crescimento da economia brasileira, ou de qualquer país, qualquer que seja a área da economia. Isto é inquestionável, mas, também, impublicável nos grandes meios de comunicação.

Nomeiam isso, reajustes acima da inflação, de indexação negativa da economia, o que geraria altos índices inflacionários que poderiam corroer aquilo que fosse adicionalmente incluído no reajuste salarial.

Difícil convencer os mais pobres disso somente dizendo isso... Então partem para o terrorismo da “volta da inflação”, aquele maléfico dragão que assustava o povo brasileiro.

O fato é que o cenário atual é de ganho salarial, o que vem ocorrendo desde o início do governo Lula, e mais intensamente em 2010.

O Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) prevê que esta situação continue favorável ao trabalhador nos acordos trabalhistas deste ano.

O mais curioso disso tudo é que aqueles que voltaram as artilharias mais pesadas contra Dilma, justamente por não conceder reajuste maior ao salário mínimo em 2011, são os mesmos que agora se arriscam a dizer que não pode haver reajuste desse porte, cerca de 14%, em 2012. Claro que os “especialistas” sempre estiveram contentes com o baixo reajuste deste ano, mas os políticos que se somam agora para engrossar o coro do não ao reajuste maior em 2012, falam em “nome do equilíbrio fiscal” e da manutenção dos ganhos econômicos da maioria da população que o “plano real e os mecanismos de responsabilidade fiscal trouxeram ao país”.

Em nome de quem podem falar tais agentes políticos e, também, os da mídia?

É óbvio que não é em nome da maioria, mas de poucos que se incomodam e muito com uma política de melhoria de distribuição de renda e recuperação do poder de compra do salário do trabalhador.

As saudades do receituário neoliberal e da desregulação do mercado de trabalho e, consequente, fragilização da organização dos trabalhadores norteia o discurso e ataques dos “especialistas” da mídia e dos políticos conservadores da oposição...

Os tempos são outros...

Confira texto de Marli Moreira, publicado no sítio da Agência Brasil sobre estudo do Dieese sobre os reajustes salariais em 2011.

Dieese prevê que trabalhadores terão aumento real em negociações salariais este ano
Trabalhadores que têm data-base no segundo semestre deste ano, como bancários, metalúrgicos e petroleiros, deverão repetir as conquistas dos últimos anos com ganhos salariais acima da inflação. Essa é a expectativa do coordenador de Relações Sindicais do Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado.

Ele acredita, no entanto, que as negociações serão mais difíceis. “Creio que a trajetória vai ser de ganhos reais, mas temos um cenário mais difícil para as negociações do que em 2010, porque, além das discussões sobre os rumos da inflação, o crescimento da economia será menor”.

Dados do Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS) do Dieese divulgados em março deste ano indicam que, em 2010, a proporção de trabalhadores que conseguiram aumento real é a maior de toda a série histórica do estudo, iniciado em 1996. Segundo o levantamento, 89% das 700 unidades de negociações analisadas (indústria, comércio e serviços) obtiveram ganhos reais. Em 15% dos casos, relativos a 106 negociações, a taxa superou os 3%.

Para Silvestre, reajustes em índices acima da inflação não representam uma ameaça de o país viver um ciclo de repasses contínuos de preços, o que poderia provocar um descontrole inflacionário. “O aumento da renda e da oferta de trabalho impulsionou o mercado interno, inclusive, no período da crise financeira internacional entre 2008 e 2009.”

O coordenador afirmou que os ganhos obtidos esta semana pelos trabalhadores da construção civil com reajuste de 9,5% (em torno de 3,5% de aumento real) refletem o dinamismo do setor, que vem sendo estimulado pelos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e por obras de preparação do país para sediar a Copa do Mundo de 2014, entre outros empreendimentos. Ele lembrou que, neste mês, além dos trabalhadores da construção civil, têm data-base os que atuam no segmento dos transportes.

Via Blog Palavras Diversas

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