domingo, 10 de abril de 2011

AÇÃO E REAÇÃO NO REALENGO

O soturno e sorumbático Wellington, motivado por um sentimento de vingança resolveu planejar e matar seus “algozes”. Dos treze mortos apenas dois foram meninos e isto prova que o maníaco elegeu como objeto de sua vingança o sexo feminino. Não acredito que as meninas eram os alvos mais fáceis devido às suas posições estratégicas na sala de aula, pois, de acordo com um relato, meninos foram propositalmente poupados pelo maníaco. “Calma, gordinho, não vai acontecer nada contigo”. – disse um dos garotos sobreviventes ao repórter do Jornal Nacional.......
Essa preferência em matar meninas (bonitas) é um indício de que o psicótico foi alvo de ataques, de zombarias e chacotas das suas colegas na época em que estudava na escola. É óbvio que para uma pessoa normal, isto é, que goza de plena faculdade mental, cometer tamanha insanidade nem sequer seria pensada, mas para Wellington, um doente mental congênito, seria o melhor meio para completar sua vingança.
É bem provável que Wellington, por ser psicótico de nascença, criou um mundo paralelo e nele viveu por pouco mais de vinte anos, até não mais conseguir lidar com a dualidade da vida. Para ele aquele convívio turbulento em que estudou no colégio do Realengo desencadeou uma crise psicótica, talvez oriunda de uma cisma, no caso, por pretensas humilhações que sofrera dos seus colegas. Ao perceber que não suportaria continuar com sua vida, resolveu desligar-se de tudo, mas antes arquitetou tudo com requintes de crueldade para acertar as contas com os dois mundos.
O que aconteceu no Realengo não tem nada diferente dos episódios sangrentos que aconteceram nas escolas e universidades dos Estados Unidos e, recentemente, em menor proporção, com aquele menino obeso australiano que reagiu após ser humilhado por seus colegas. O fato incontestável é que essas tragédias ocorreram num espaço destinado à boa convivência social, mas que infelizmente se tornou um ambiente de reunião para esses pequenos tiranos cometeram seus grandes delitos. Logicamente não vou culpar a escola pela proliferação dessa violência, mas já que estamos aqui para encontrar uma reles resposta que seja, é preciso que debatamos um novo modelo de escola, onde o aluno não tenha que se sentir entediado por ter que passar horas e horas sentado numa cadeira escolar. Não quero dizer com isso que o problema da convivência dentro do espaço escolar é proveniente de um modelo educacional errado, isto é, o jovem não cria sua intolerância pelo que houve e vê dentro da escola e sim pelo o que ele traz para dentro dela. Esse jovens trazem seus códigos de conduta para dentro da escola, formam grupos de acordo com suas afinidades e, com base nesses padrões, perseguem, maltratam aqueles que lhes são diferentes.
A chacina do Realengo teve esses fatores,  mas ocorreu porque Wellington era um psicótico que, provavelmente, sofrera com o bulling de seus colegas de escola. A diferença entre o caso Wellington e os demais meninos e meninas que sofreram e sofrem alguma violência moral ou física é justamente a condição psíquica de cada um, portanto como não temos, a priori, condições de identificar os psicóticos das pessoas normais é melhor, para todos, que o estopim da intolerância não seja aceso de maneira alguma.
Como vimos, Wellington reagiu violentamente contra a perseguição e rejeição em sua adolescência, mas há outras formas em que os jovens vitimados pelo bulling podem reagir e uma delas é contra si próprio, através do desejo de não querer ir à escola, da aquisição de fobias irreversíveis, depressão e até suicídio.
Repito, a escola não é responsável pela chacina, isso é notório, porém não a deixo de fora do contexto. Logicamente medidas devem ser adotadas para se evitar essa tragédia e a política é um dos caminhos, através de medidas preventivas para tirar de circulação milhares e milhares de armas que andam rolando por aí. No âmbito familiar e educacional é preciso que pais e professores resgatem certos valores e dêem a eles uma roupagem de acordo com os padrões atuais, com o intuito de mostrar ao jovem que as diferenças devem ser respeitadas e que todos possam ser inseridos como cidadãos, independentemente da postura social, etnia, credo e preferência sexual de cada um. Portanto, não há como negar que esse canibalismo moderno que impõe ao jovem um padrão estético e comportamental estabelecido é o maior estopim dessa violência, da qual não escapam psicóticos, nerds, gordinhos, homossexuais e negros. A diferença entre um caso e outro está no método, na atitude e na condição mental de cada um. Em suma: de um modo geral toda ação tem uma reação, só que enquanto alguns morrem, outros matam e os sobreviventes choram.
by: Amigos do Jekiti

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