quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A ética dos outros

O DEM, partido que nasceu como Arena e depois virou PFL, mas tem no seu DNA o udenismo entreguista e golpista, está desaparecendo, concretizando, de modo reverso, a profecia de seu ex-presidente Jorge Bornhausen, que augurou, numa das mais infelizes frases jamais ditas por um político no país, que eles ficariam livres da "raça" petista por uns 30 anos.

Afundado na lama expelida pelo governo do Distrito Federal, pelo fracasso de uma ideologia que preza o individualismo e o sucesso material a qualquer custo, o DEM tenta, para sobreviver, arrancar algumas linhas nos jornalões para iniciativas que nascem já fadadas ao insucesso.

A última delas é conseguir alguns holofotes à custa da manchete da Folha sobre um suposto benefício, no processo de instalação do plano nacional de banda larga, a uma empresa que contratou o trabalho do ex-ministro José Dirceu. Falam em criar uma CPI, em até "sair às ruas" para deflagrar um "embate nacional sobre ética e moralidade", como está escrito no site do partido.

"O governo Lula não vai se sustentar nas mentiras. Hoje temos um quadro em que os mensaleiros petistas têm alcunha de Vossa Excelência. Vamos levar à luz do dia toda essa discussão. Inimigo da gente, a gente trata como inimigo", dissse o aguerrido líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), filho do já nosso conhecido Jorge "vamos acabar com essa raça" Bornhausen.

O interessante é que o próprio site do partido, que traz à luz essas novidades, também abriga o Código de Ética dos demistas, um alentado documento que se encerra dessa forma:

"Artigo 36 - Este Código de Ética Partidária foi aprovado na reunião do Diretório
Nacional de 13 de maio de 1987, de conformidade com o artigo 22, inciso IV, Lei
nº 5.682171, e com o Artigo 83, do Estatuto do Democratas."
Estranho, muito estranho. O DEM foi criado no ano de 2007. Na data da aprovação do seu Código de Ética o partido ainda se chamava PFL - a legenda nasceu em 1985.

Ou seja: o DEM liga tanto para a ética que seus integrantes sequer tiveram o trabalho de mudar uma vírgula que fosse do documento do partido que o antecedeu.
Afinal, é tudo a mesma coisa, não é mesmo?

Blog: Crônicas do Motta

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