sexta-feira, 6 de novembro de 2009

FHC oferece uma oportunidade de ouro

por Luiz Carlos Azenha

A blogosfera fervilha de especulações sobre os motivos que levaram FHC a escrever o artigo que, desde que foi publicado, vem sendo escorado pelos editorialistas de O Globo, Folha e Estadão e detonado por internautas. O homem vaidoso se vê, de novo, centro das atenções, a ditar os rumos da oposição por WO, já que José Serra se entrega às dúvidas entre o ser e o não ser.

Na falta de ideias concretas e projetos nacionais alternativos, tragam de volta a fábrica de fumaças. FHC pretende reinventar a política. A História se repete como farsa. Lá atrás, o senador usou seu prestígio intelectual para cimentar uma aliança que inseriu o Brasil no capitalismo globalizado, às custas da transferência de patrimônio público para aliados locais e internacionais.

Agora ele parece ter escolhido o mote de "cortar impostos", "tirar o peso do Estado das costas do cidadão", um reaganismo tardio e trôpego que será saudado pelos editorialistas como a redescoberta das Ciências Sociais. Tenho comigo que, além de atender à vaidade pessoal, a versão turbinada de FHC reentrou o palco como resultado de um cálculo político: "Já que serei arrastado pelas ruas na campanha eleitoral, que ao menos eu tente pautar o debate".

Daí nasceu o "subperonismo lulista". Uma construção intelectual que só faz sentido para quem conheceu Perón. O que nos leva à oportunidade de ouro que FHC ofereceu, de mão beijada, ao presidente Lula e à ministra Dilma Rousseff.

De um lado FHC, as memórias de Perón e Getúlio, os debates distantes e elitistas, sustentados pela velha mídia de papel. E o capitalismo de compadres. De poucos e para poucos.

De outro, o Brasil novo. O Brasil da internet. Da universidade ao alcance de todos. Da casa própria ao alcance de todos. Do mercado interno includente, solidário, que só existe por conta dos programas sociais e dos aumentos do salário mínimo. Da agricultura familiar, do microcrédito, de grandes empresas públicas e grandes empresas privadas.

Não basta pendurar FHC no pescoço de José Serra. É preciso pendurá-lo como símbolo do antigo, do que já foi, do século passado, da conversa mole que não chega a lugar algum, das construções intelectuais distantes do dia-a-dia, da conversa para boi dormir, dos que falam muito e fazem pouco. A vantagem é que, do ponto de vista imagético, FHC e Serra fazem lembrar naftalina, flit, glostora, pentes flamingo, óleo de fígado de bacalhau. Coisas que, ainda que tenham sido boas no passado, merecem ficar lá, no passado.

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