sábado, 30 de abril de 2011

Usando a cabeça pra viver melhor


Como você toma as decisões sobre a sua vida e o futuro da sua família?
Quem é que você acha a pessoa mais apropriada para casar com você?
Quem é que você acha mais apropriado para ser professor do seu filho?
Quem é que você acha mais apropriado para ser o oncologista que vai tratar do câncer de um ente querido?
Quem você escolheria para ser seu sócio num negócio?
Alguém que acredite em tudo o que se diz por aí, que não se preocupa nada em saber se o que ouve é verdade e sai por aí repetindo as coisas que escuta sem verificá-las, ou alguém que  é ponderado, que verifica direito e analisa bem as informações que recebe? Qual é a credibilidade que tem alguém que afirma a veracidade das coisas sem comprová-las?
Vamos analisar alguns cenários…

Todos os dias nós tomamos decisões e muitas vezes nem nos damos conta disso. Embora muitas delas possam passar despercebidas, muitas outras causam impactos determinantes em nossas vidas. O mercado de trabalho está a cada dia mais competitivo e se o acesso à informação era antes um privilégio de poucos, hoje ela encontra-se disponível para um grande número de pessoas.  Não há lugar ao sol para todos, por isso apenas uns poucos gozarão de estabilidade financeira, enquanto que muitos pagarão pelos erros que cometeram. Nós precisamos estar preparados para tomar as decisões certas a fim de tentar garantir um futuro seguro para a nossa família, pois o mundo poucas vezes oferece uma segunda oportunidade. Nesse artigo tento alertar para algo óbvio, mas que é largamente negligenciado.
1.       Primeiro cenário. Vamos supor que às 7h da manhã uma Kombi pare em frente à sua casa, e dela desce um homem que se apresenta como sendo encarregado de um novo serviço prestado pela escola do seu filho, destinado a levar e trazer as crianças à/da escola. Ele te dá uma carta de visitas com um número de telefone e diz que vai levar e trazer seus filhos de graça durante o primeiro mês, começando agora. Depois, se você gostar, pagará por este serviço, um preço bem atraente. Se você não gostar, não precisará pagar por esse mês, que ficará como sendo uma cortesia. Ele diz que o serviço já é utilizado em várias escolas da cidade e do país e que você não foi informado antes, devido a um problema técnico e bla, bla, bla. A questão é: Você entregaria seu filho, sem verificar junto à escola, se aquilo tudo é verdade? Estou certo que não.
2.       Segundo cenário. Suponha que um homem bem vestido se apresente no seu local de trabalho com um calhamaço de papel que segundo ele é um contrato de investimento 100% garantido, que rende 10% ao mês. O investimento mínimo é de 500 Reais, que estará disponível depois de um mês, para reembolso integral assim que você quiser. A única condição é receber imediatamente 300 Reais em espécie. Você teria que sacar essa quantia naquele momento para pagar a caução e o restante você pode depositar no máximo em uma semana, numa conta que ele te fornece. Ele mostra uns papéis que dizem que eles atuam em 52 países e foram reconhecidos como o melhor e mais seguro investimento privado nos últimos 5 anos. Ele te propõe ainda assinar um termo, opcional, em que você dá seu carro com garantia pra um investimento VIP onde você obterá 18% de rendimento mensal. Você daria os 300 Reais ou o carro a ele? Suponho que você iria investigar antes, não é mesmo?
3.       Terceiro cenário. Um homem que se diz médium aparece na sua casa e diz que você vai ter que lhe pagar 3000 Reais para que ele, através de um trabalho espiritual direcionado evite a morte de seu filho de quatro anos, que segundo ele ocorrerá em menos de um ano. Ele te mostra no celular, uns vídeos de pessoas que o agradecem por terem sido curadas de câncer, de AIDS ou terem escapado de acidentes incríveis. Você pagaria, sem investigar detalhadamente esse assunto? Acho que não.
Porque você investigaria sobre as estórias acima? A resposta é porque você é uma pessoa sensata e não vai arriscar a vida do seu filho ou o seu patrimônio sem ter uma prova segura de que aquilo é verdade e de que funciona.
Corre pela internet um e-mail que oferece às pessoas a oportunidade de ganhar alguns milhares de dólares sem ter que trabalhar. Esse e-mail pede uma ajuda para liberar uma soma importante de dinheiro, bloqueada no exterior, por causa da morte de alguém. A pessoa que te envia o email precisa do número da sua conta para que possa depositar 750 000 dólares. Assim que você receber esse dinheiro em sua conta, você terá que depositar 700000 desses dólares numa conta da Somália, que eles te fornecem no email. Você ficará com os 50000 restantes, a título de recompensa. Entretanto, antes de eles te transferirem os 750000, você tem que depositar 3000 dólares na conta deles a título de confiança e compromisso. Só depois disso é que o processo inicia e eles te passam os 750000. Você cairia nessa? Por mais incrível que pareça 38 pessoas caíram nesse golpe aqui na Bélgica, nos últimos 4 anos. No mundo todo foram milhares de pessoas que perderam dinheiro assim. Você deve achar incrível como as pessoas podem ser ingênuas ao ponto de confiar numa informação sem verificar a autenticidade.
Pessoas que agem assim são comumente tidas por burras ou idiotas, ou no melhor dos casos, por tolas. Porque achamos que eles são idiotas e não inteligentes?  A resposta é simples. Uma pessoa inteligente usa de seu senso crítico pra tratar as informações que recebe. Estórias são criadas desde que a humanidade aprendeu a se comunicar e qualquer um pode dizer qualquer coisa sobre qualquer assunto. Nem tudo o que se diz é verdade. Só para dar uns exemplos, já se acreditou que o mundo era plano e que o Sol era o centro do universo. Hoje sabemos que não é verdade e chegamos à conclusão que quem defendia essa visão das coisas, por mais “dono da verdade” que parecesse ser, não havia verificado realmente se aquela informação era verdadeira. Se houvesse, teria visto que não era. A informação parecia verdadeira. A informação parecia fazer sentido, mas era, de fato, falsa.
Não é porque muita gente acredita numa coisa, que aquela coisa seja necessariamente verdadeira. Veja bem. Já foi um consenso da ciência fisiológica achar ser impossível, para um homem, correr os 100 metros rasos em menos de 10 segundos. Esqueceram de avisar isso a Carl Lewis e hoje a marca dos 9.86’ de Lewis é coisa do passado, já foi superada por muitos outros e o melhor tempo, atualmente, pertence a Usain Bolt, que cravou 9.58”. No interior do Amazonas, quando uma moça solteira engravidava, se atribuía a paternidade ao boto (uma espécie de golfinho fluvial).  Suponho que apenas no Amazonas esse fenômeno ocorria, pois em minha cidade a causa era outra.
Quem é que você acha a pessoa mais apropriada para casar com você? Quem é que você acha mais apropriado para ser professor do seu filho? Quem é que você acha mais apropriado para ser o oncologista que vai tratar do câncer de um ente querido? Quem você escolheria para ser seu sócio num negócio? Alguém que acredite em tudo o que se diz por aí, que não se preocupa nada em saber se o que ouve é verdade e sai por aí repetindo as coisas que escuta sem verificá-las, ou alguém que  é ponderado, que verifica direito e analisa bem as informações que recebe? Qual é a credibilidade que tem alguém que afirma a veracidade das coisas sem comprová-las? Pois é. Como diz San Harris:
embora acreditar firmemente em algo, sem ter provas, seja considerado um sinal de loucura ou estupidez em qualquer outra área da nossa vida, a fé em Deus continua mantendo imenso prestígio em nossa sociedade. A religião é a única área do nosso discurso na qual se considera nobre fingir ter certeza, acerca de coisas que nenhum ser humano é capaz de garantir que estejam certas.
Por que a fé em deus é considerada uma virtude e não um defeito? Porque eu devo acreditar que existe um ser supremo, invisível, infinito, eterno, onisciente, onipresente e inteligente, que criou a matéria, o universo e a vida? Por que eu devo aceitar isso como sendo verdade, se não há uma única prova de que isso seja verdade? Você já parou pra pensar nisso? As pessoas vêm repetindo ao longo de séculos fábulas datadas da Idade do Bronze, escritas por tribos recém saídas da pré-história, como sendo a mais pura verdade e não parecem se preocupar muito com isso. Ao contrário! Elas acham isso nobre e querem convencer outras pessoas a fazerem o mesmo. Muitas delas se afastam daqueles que não estão de acordo em segui-las e, pior! Essas pessoas ensinam aos seus filhos, ainda desprovidos de senso crítico, que aquela é a maneira correta de agir.
Você já viu como criança acredita na estória do Papai Noel? Minha esposa propaga essa fábula, sem a minha aprovação, aos meus filhos, pois ela acha essa ingenuidade infantil “bonitinha”. É incrível ver como meu filho, já com quase 8 anos, acredita piamente que o Papai Noel lhe trouxe e traz presentes a cada ano. Um dia desses ele até se queixou a mim, dizendo que se dependesse de mim e não fosse pelo Papai Noel, ele quase não teria brinquedos. É mole? Ele acredita nisso, pois ele escuta isso das pessoas em quem ele mais confia, os pais, os avós e a professora, além de ver na TV e no período de Natal, entrevistas e imagens com o bom velhinho. Mas ele não atina para o fato que essas coisas não são provas.
Essa crença é, felizmente, facilmente “apagada” das cabeças das pessoas e raramente deixa marcas, mas a crença religiosa molda o caráter e a moral das pessoas de tal forma que pode fazer com que pessoas cometam atos terríveis contra “os de fora” da crença. Eu queria fazer um desafio a você. Porque você não investiga se tudo aquilo o que se diz a respeito de deus é verdade? Pense bem. Existem centenas de religiões no mundo. Elas se contradizem umas às outras e cada uma afirma dizer a verdade. Nesse caso seria impossível que todas estejam certas, já que umas dizem coisas diferentes da outra. Porque a sua é a certa e a outra não? Seria muita coincidência e sorte você ter nascido justamente na família que segue a boa religião, não é mesmo?
Eu não estou dizendo pra você abandonar a sua religião, nem deixar de ler a Bíblia. A religião proporciona muitas coisas boas e a Bíblia é um livro de excepcional valor cultural. Eu estou apenas dizendo que não é sensato se acreditar em qualquer coisa que te contam, e guiar a sua vida por isso, sem que não haja nenhuma prova de que aquilo seja verdadeiro.
Você acha certo fazer seu filho seguir os ensinamentos de um deus sobre o qual não há provas de sua existência? Você acha certo forjar a sua moral e a moral de seus filhos, sob o ensinamento de crenças não comprovadas? Eles são crianças inocentes. Você se importa em saber se aquilo no que você acredita é verdadeiro ou falso? Você acha que seu filho deve seguir a Bíblia como um guia moral? Pense nisso. Esse assunto é muito sério e muito vasto.
Bule Voador

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