segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A economia dos instintos no romantismo

Minha disposição é a mais pacíficaOs meus desejos são: uma humilde cabana com um teto de palha, mas boa cama, boa comida, o leite e a manteiga mais frescos, flores em minha janela e algumas belas árvores em frente à minha porta; e, se Deus quiser tornar completa a minha felicidade, me concederá a alegria de ver seis ou sete de meus inimigos enforcados nessas árvores. Antes da morte deles, eu, tocado em meu coração, lhes perdoarei todo o mal que em vida me fizeram. Deve-se, é verdade, perdoar os inimigos – mas não antes de terem sido enforcados”. [In Gedanken und Einfälle].
O autor da ironia corrosiva foi o escritor e poeta alemão Heirich Heine (1797-1856).
Freud cita este trecho da obra de Heine em O mal-estar na civilização (1929), para enfatizar o permanente conflito humano entre as exigências do instinto (a nossa porção Natureza) e as restrições da civilização (a porção Cultura).
O poeta romântico foi um duro crítico da religião (que agora está na moda, com inúmeros autores se dedicando a escrever sobre o tema anti-religioso).
A famosa expressão que qualifica a religião como “ópio do povo", usado por Karl Marx na Crítica da filosofia hegeliana do Direito (1844), foi inspirada numa obra de Heine de 1840, onde ele ironizava (como sempre):
“Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança”.
By: Diário Gauche

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