quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As contradições do eleitor paulista





Esse gráfico, mostrando Lula com 73% de Ótimo/Bom em São Paulo e somente 6% de Péssimo, não deixa dúvidas: o PT ainda tem um grande potencial de votos no estado, e refiro-me à disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Segundo o Datafolha (que uso para ser o mais conservador possível, ver tabela abaixo), Alckmin tem 54% das intenções de voto, contra 16% de Mercadante.

Não é uma contradição? Apenas 6% dos paulistas acham o governo Lula ruim ou péssimo, e mesmo assim a grande maioria vota no PSDB, principal adversário de Lula. Não faz sentido. São Paulo vive uma esquizofrenia política que precisa ser revertida.



Eu acredito que, nas próximas semanas, com a presença de Lula ao lado do candidato petista ao governo de São Paulo, a diferença entre os dois deverá cair.

Por motivos estratégicos óbvios, é preciso focar todas as energias em terras bandeirantes. Aliás, o próprio PSDB já vem perdendo a tranquilidade que apresentava na disputa estadual.

Celso Russomano, candidato ao governo de SP pelo PP, já deu sinais de que pode apoiar Dilma Rousseff. Com 11% das intenções de voto, o pepista pode ajudar Mercadante num eventual segundo turno.

Analisando a tabela abaixo, identificamos as seguintes fragilidades na candidatura Mercadante:
  1. Disparidade entre votos femininos e masculinos. O petista tem 20% dos votos masculinos, contra somente 12% das mulheres. O voto masculino costuma antecipar o voto feminino, o que é positivo, portanto. Mercadante pode chegar a 20% facilmente. 
  2. O mais impressionante, contudo, é a debilidade do petista entre os mais jovens. Ele tem somente 8% do voto jovem, entre 16 e 24 anos, contra 65% de Alckmin.  Esses números revelam um forte grau de desconhecimento por parte do eleitor paulista, que ainda não associou Mercadante ao governo Lula.
  3. Mercadante também é fraco entre os mais pobres: apenas 12% dos que ganham até 2 salários, declararam votar no petista. Nesse segmento, é grande o número de indecisos. A forte popularidade de Lula nessa faixa da população é um trunfo para Mercadante. 


Entretanto, é nessa tabela que encontramos verdadeiras aberrações:


(Clique para ampliar).

Repare que 37% dos entrevistados que declararam preferência pelo PT afirmaram que irão votar em Alckmin. Esquizofrenia pura. 40% dos entrevistados que votarão em Dilma afirmaram que preferem o candidato tucano para o governo de SP. Non sense.

Alguém poderia alegar que PT ou Mercadante têm altos índices de rejeição em São Paulo. Uma outra tabela do Datafolha mostra que isso não é verdade. Apenas 22% dos paulistas afirmaram que não votariam de jeito nenhum em Mercadante. É uma rejeição baixa, se considerarmos a diferença entre os dois candidatos.


Rejeição dos candidatos a governador em SP (Datafolha 16/08)


As eleições entram na fase final, com inevitável radicalização. Já se pode detectar isso pelo aumento das baixarias na internet. No twitter, o Encontro dos Blogueiros em SP recebeu insultos pesados, sobretudo depois que ganhou elogios da ministra Dilma Rousseff
óleo do diabo

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