quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quase todo mundo que vê uma reportagem de televisão

Quase todo mundo que vê uma reportagem de televisão, ainda hoje, acha que um repórter bem informado foi a campo e trouxe aquela história pronta. Não é assim que funciona. Uma equipe de televisão tem repórter, cinegrafista e auxiliar, quando tem este último. Tem um carro que os transporta mais o equipamento (câmera, bateiras, kit de iluminação e microfones). É uma operação que demanda tempo e dinheiro, portanto, planejamento. À exceção do factual (um incêndio, por exemplo), tudo sai da redação planejado previamente (pauta). Em uma reunião cedo o chefe de redação e o editor-chefe, o editor-executivo, o chefe de reportagem e os produtores definem o jornal. Uma equipe vai fazer uma matéria de economia, outra de trânsito, assim por diante. É nessa hora que e possível manipular a informação. Como? Dá para definir que tipo de matéria será (a favor ou contra), que tipo de entrevistado terá (amigo ou inimigo), qual será a tese e se terá ou não contraditório. Quando os editores chegam, no começo da tarde, uma outra reunião acontece. Nela é que são disitribuídos os temas e, se há abertura, discutido o encaminhamento. O que tem acontecido, para dar mais dinamismo à produção, é já trazer o 'prato proto', o que reduz muito a participação intelectual do editor e sua capacidade de interferir no conteúdo. Ainda assim, é possível argumentar a respeito da 'tese' pré-concebida e discutir um novo encaminhamento com o repórter na rua, caso a reportagem ainda esteja em produção. Portanto, em televisão a produção da notícia está diluída e depende do trabalho de muitas mãos. Por isso, perseguir os ideais da profissão, como: equilíbrio, isenção e imparcialidade... torna-se uma tarefa quase impossível. Disse quase. Estar sempre bem informado, ter boa capacidade de análise e diálogo, ter experiência e ser rápido, são qualidades que ajudam muito o trabalho do editor. Discutir o futuro do telejornalismo, em crise há alguns anos, passa necessariamente por experiementar novos modelos de produção de noticiário, o que esbarra, quase sempre, numa disputa mesquinha por poder. Sem nos esquecer que, no topo da pirâmide está o patrão, fazendo valer seus interesses particulares. Não é um desafio fácil!

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