domingo, 24 de fevereiro de 2013

A cubana e essa tal democracia


A blogueira recebe flores dos amigos
congressistas. O simpático e afável
 Bolsonaro só observa... (Foto Antonio Cruz/ABr) 
A passagem da blogueira cubana pelo Brasil, com todos os seus contratempos, permitiu ao menos que muitos democratas de plantão rasgassem as suas fantasias.
Explico: ao condenarem com tanta veemência as manifestações contra a blogueira, classificando-as de antidemocráticas, ou de, até mesmo, expressões de um fascismo nascente, esses nossos paladinos da democracia fizeram algo exatamente igual ao que tanto condenam na ilha execrada, ou seja, achar que ninguém tem o direito de discordar do outro.
Cuba, dizem esses cruzados da liberdade, esmaga impiedosamente o contraditório, portanto é uma ditadura sangrenta. O Brasil, uma democracia, segundo esses mesmos indivíduos, deveria proibir atos contrários à presença da blogueira.
Vá entender...
De resto, o tour da cubana por nossas terras demonstrou que certos políticos, parlamentares de renome, não perdem uma oportunidade sequer de aparecer na chamada "grande imprensa", essa entidade controlada por meia dúzia de famílias, que pretende ser o instrumento mais legítimo de uma "liberdade de expressão" que é permitida apenas a quem pertence ao seleto círculo de amigos do patrão.
Entre tais papagaios de pirata da blogueira estava um certo Jair Bolsonaro, que, antes de exercer o mandato de deputado, serviu com honras à ditadura militar.
E também o senador Eduardo Suplicy, que entrou na vida pública justamente por se opor àquele regime que, entre outras barbaridades, torturava bebês.
Parece confuso?
E é mesmo.
Mas são coisas da democracia, essa doce confusão.
Crônicas do Motta

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