sábado, 21 de janeiro de 2012

Crise do etanol é o preço do açúcar, nada mais.


A Folha de hoje publica manchete contando que o etanol voltou a ser competitivo em São Paulo, “com forte declínio (do preço) nas usinas, que reduziram os valores de comercialização para o menor patamar desde a primeira quinzena de agosto de 2011, um dos períodos de aceleração da colheita”.
E destaca que isso é anormal, por estarmos no período de entressafra, atribuindo isso ao baixo consumo.
Verdade, mas parte da verdade.
A razão essencial da baixa do etanol é a mesma que produziu sua alta no início de 2011: o preço do açúcar no mercado internacional.
Você pode verificar: de julho para cá o preço caiu continuamente.
Mas ainda está alto, e vem aternando picos de aumento de perto de 100% desde 2009, subindo e caindo. Em 2009 e 2010, havia estoque, tanto de açúcar quanto de cana para produzi-lo. A alta dos preços os consumiu completamente.
Em 2011, exportamos quase a mesma coisa – pouco menos, que as 20,9 milhões de toneladas mandadas para fora em 2010. Mas, mesmo com essa pequena queda – na casa dos 4% – na exportação, o valor obtido – US$ 11,5 bi – foi 25% maior que o apurado um ano antes.
Financiamento à renocação dos canaviais, à estocagem e mesmo o necessário investimento na produção de etano de 2ª geração – produzido, entre outras fontes, da palha da cana – tudo isso é necessário.
Mas o regulador do preço do etanol brasileiro, é o que a Folha não menciona: o preço internacional do açúcar. Se ele cair ao patamar abaixo dos 13 centavos de dólar por libra que tinha até o início de 2009, a crise no abastecimento termina num instante.
Se voltar aos 30 centavos por libra que atingiu nos dois últimos anos, a crise permanece.
E não haverá remédio senão criar cotas de exportação, ao menos para os usineiros que obtiverem financiamento público para seus negócios.
 Brizola neto

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