quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

As saúvas e o jeitinho



A tragédia de ontem à noite no Rio, embora ainda de causa desconhecida, é resultado de algo trivial na sociedade brasileira: o jeitinho.
Por meio dele, consegue-se de tudo, desde furar a fila do supermercado até o alvará para construir um megaempreendimento.
O jeitinho, a "gorjeta", o "cafezinho", a corrupção, são sinônimos da pior praga que assola este país, câncer que se entranhou em todos os níveis sociais, em todas as esferas administrativas, públicas e privadas.
Vamos reformar um prédio velho, caindo aos pedaços?
Mão à obra, mas antes de mais nada, vamos dar um jeitinho de burlar a legislação, de facilitar as coisas, de não pagar taxas. 
E assim o Brasil caminha, em meio a grandes tragédias, a pequenos dramas, a mortes anunciadas. 
Com o jeitinho pode-se tudo. 
Até mesmo transformar a esperança de se construir uma nação forte, saudável, que dê oportunidades iguais a todos, que seja justa e solidária, num paiseco onde as leis são meras letras perdidas em alfarrábios carcomidos.
Parafraseando a antiga frase, de autor desconhecido, que se referia à força destrutiva das saúvas, é mais que oportuno dizer que ou o Brasil acaba com o jeitinho, ou o jeitinho acaba com o Brasil.

Crônicas do Motta

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