terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A visão do paranoico


Enquanto na chamada blogosfera o livro de Amaury Ribeiro Jr. "A Privataria Tucana" é o sucesso do dia, na imprensa tradicional, aquela controlada por meia dúzia de famílias - ou "grupos empresariais" -, que formam um dos mais duradouros oligopólios do mundo, é como se ele não existisse....Os comentários dos internautas são furiosos. Com razão. Afinal, os jornalões continuam com suas "denúncias" seletivas, atingindo os alvos que julga necessário destruir para atingir seu objetivo maior: fazer com que o poder federal volte às mãos de gente confiável, dos amigos de sempre, da turminha do tempo em que este país era bom e hospitaleiro para os negócios.
Mas agir como a avestruz que enfia a cabeça no buraco para não ver o mundo ao seu redor pode não ser a melhor opção para o oligopólio da imprensa. É uma cartada perigosa, pois ignora a existência desse outro meio de comunicação que se firma com uma força extraordinária entre os brasileiros, que é a internet. Agindo desse jeito paranoico, que ignora a realidade e cria a sua própria, os jornalões se isolam em seu próprio mundo, como se fossem publicações de empresas, de clubes, de escolas, que falam apenas para si próprios, quando muito para pessoas que já têm as mesmas ideias.
Nem o auxílio precioso da televisão, que atua em conjunto com a mídia impressa nessa guerra incessante pela retomada do poder, será capaz de impedir que o processo de desmoralização da imprensa tradicional se acentue cada vez mais, até porque a própria TV é vista hoje muito mais como forma de entretenimento do que de informação.
O pacto firmado entre os jornalões e os tucanos e assemelhados não tem apresentado, até agora, nenhuma fissura que possa comprometê-lo. Visto de fora, parece forte o bastante para que continue a produzir estragos consideráveis no governo federal e seus satélites.
Se há, porém, uma fraqueza nessa, aparentemente, indestrutível argamassa que forma tal associação, é justamente essa confiança cega que o oligopólio tem nas suas armas. Afinal, este é um mundo cada vez vez mais dependente da informática, e no qual as crianças e jovens não têm a mínima ideia de qual seja a utilidade - ou a função - de um jornal impresso.
Logo, logo, não só essas publicações farão parte das coleções dos museus, como a própria ideologia que tanto defenderam por anos e anos estará restrita ao estudo de acadêmicos, provavelmente como exemplo maior da insensatez e da cobiça que podem tomar conta do ser humano.

Crônicas do Motta

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