segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Paulo Freire e o capitalismo


No seu livro “Pedagogia do Oprimido” (1968) Paulo Freire narra uma oficina, num trabalho de campo, com moradores pobres de Nova York, não lembro se no Harlem ou no Bronx, me corrijam, ode lhes eram perguntado, diante da pobreza e do lixo acumulado nas ruas, o que lhes vinham à cabeça, à imaginação? A resposta foi, não recordo das palavras exatas: “tudo isto nos lembram uma rua de um país latino-americano”.

O que isto significa? Significa que nós temos dificuldade de nos reconhecer, ou nunca nos reconheceremos, a nossa situação de oprimidos, delegando este mal estar a um terceiro e desta forma, através da alienação, podermos suportar o fardo da vida.

Lembrei deste episódio após ler um artigo onde o autor conta suas experiências em visita que faz a cidade de Baltimore, nos EUA, que segundo ele “é [uma cidade] produto de uma sociedade desigual, racista, violenta, injusta e pouco democrática.”

Depois o autor compara Baltimore (EUA) com Cuba, que têm realidade TOTALMENTE opostas. Lembremo-nos aqui do bloqueio criminoso dos EUA a Cuba, há mais de 50 anos. Tudo o que Baltimore é, Cuba não é: “produto de uma sociedade desigual, racista, violenta, injusta e pouco democrática.”

Ao contrário, o estado cubano oferece ao seu povo o que há de mais precioso para o ser humano, saúde e educação, universais e gratuitas.

Dizer, como diz o autor, “talvez seja difícil saber o que queremos para o Brasil. Mas certamente começar o debate sabendo que não queremos ser nem Cuba nem Baltimore já seria um bom começo.” Por que não ser Cuba? Não ser Baltimore tudo bem, pois ela é “produto de uma sociedade desigual, racista, violenta, injusta e pouco democrática.”

Novamente a pergunta: que não ser Cuba?.

Lembrei-me aqui de uma fala de um personagem do excelente romance “O Tigre Branco”, do indiano Aravind Adiga:

- “As eleições mostram que os pobres não são ignorados. A Escuridão não ficará calada. Não há água nas nossas torneiras, e o que vocês, aí de Déli, nos dão? Celulares. Será que um homem pode beber um telefone quando está com sede? As mulheres têm que caminhar quilômetros todas as manhãs para encherem um balde de água limpa...”

Eu quero ser Cuba. Eu NÃO quero ser Baltimore.

Inclusive, no Brasil, várias pessoas, que ainda passam fome, não têm um teto ou escola,  são assassinadas em suas terras pela ganância do agronegócio e descaso dos governos, gostariam, SIM, de ter um nível de vida igual a Cuba, NUNCA igual a Baltimore.

Uma realidade é ruim, cruel, desigual, por ser tudo isto e não precisa ser comparada com o que quer que seja para continuar sendo ruim, racista, violenta, desigual. Vamos ler mais Paulo Freire, gente!
 no: http://blogdoitarcio1.blogspot.com.br/2015/12/paulo-freire-e-o-capitalismo.html

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