domingo, 1 de março de 2015

A encruzilhada do Brasil que poderíamos ser


'Se ainda há tempo para reverter a marcha dos acontecimentos é forçoso reconhecer que esse tempo se gasta aos saltos. 

Saul LeblonCarta Maior

A via ortodoxa escolhida pelo governo para viabilizar o quarto mandato presidencial do PT está implantada e o paradoxo começa a dar frutos.

São ácidos.

O desemprego saltou de 4,3% em dezembro para 5,3% em janeiro; o governo acaba de anunciar um corte de 23,7% do orçamento do PAC e o BC  deve aumentar a taxade juro na próxima 4ª feira, para 12,75%.

Significa dizer que o ciclo econômico ajustou-se ao ciclo político.

Ao cerco conservador que antecedeu o período pré-eleitoral, e somente ali foi afrontado, sobrepõe-se agora uma asfixia econômica, que cada vez mais será percebida pela população como um torniquete que se ajusta diariamente.

Estamos só no começo da primeira volta.

A emissão conservadora ostenta uma coerência editorial de cabo a rabo. Não há mais dissonância entre o salvacionismo antipetista do noticiário político e os resultados registrados nas páginas de economia.

A recessão vai engrossar as fileiras do neoudenismo -- se não no aventado dia 15 de março, um pouco mais adiante.

Não há pressa. O tempo age a favor da turma que recentemente uivou contra o ex-ministro Guido Mantega, e sua esposa, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.


Ali ficamos definitivamente cientes de que ‘SUS’ para a fina estampa da elite paulista é o sinônimo de um palavrão.

O governo assiste a tudo com notável desdém pela própria cabeça.

A hora de Brasília não define mais a hora do Brasil.                                                                                                                                                                                                         
A abertura e o fechamento dos mercados agendam a sociedade e não há contraditório.

A democracia não fala.

O ministro Joaquim Levy fala por ela.

Diariamente, oferece libras de carne fresca às tesourarias que no final do expediente dão a nota seca para o cardápio da jornada e deixam orientações para o desjejum da manhã seguinte.

É uma conversa de brancos de olhos azuis.

À Nação mestiça ninguém se dirige; tampouco lhe é facultado dizer o que pensa sobre o seu futuro.

Ilhadas na inundação das más notícias, sem comunicação com o governo, forças progressistas lançam manifestos desesperados em garrafas que nunca ultrapassam o espelho d’água do Planalto.

O aparato conservador não disfarça a sulfurosa agitação, nem camufla mais suas bandeiras no fundo do armário.

Serra fareja o clima e hasteia no peito a mais reluzente de todas.

O tucano quer fatiar e vender a Petrobras.

Sinal dos tempos: agora explicita aquilo que sempre teve o cuidado de ocultar.

Seu projeto resgata o plano sedimentado no governo FHC.

Trata-se de criar uma situação de fato.

Qual?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário