quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O perigo de venezuelização do Brasil pela direita




Jamais a América do Sul se põe ao abrigo de quatro males: um golpe de Estado, uma ditadura de esquerda, uma ditadura de direita e uma goleada de uma seleção europeia. Há pouco, dizia-se que o Brasil corria o risco de uma venezuelização pela esquerda. O chavismo rondava o país. Agora, com a Venezuela dando mostras de que pode se tornar, de fato, uma ditadura, o Brasil corre o risco de uma venezuelização pela direita. Lá como cá o desejo da direita é de golpe de Estado pelas vias brandas, pero no mucho, do impeachment, de novas eleições ou de uma transição. Lá, pelo que parece, Maduro está caindo de podre. Aqui, Dilma está verdinha no segundo mandato. A oposição, porém, passadinha de lacerdismo não quer esperar mais longos quatro anos.
O lacerdismo é o mal do Brasil. Carlos Lacerda sonhava com golpes de Estado. Apoiou os que deram errado e foi cassado pelo golpe que ajudou a dar “certo”. A oposição brasileira que pede o impeachment de Dilma quer provas contra o prefeito de Caracas, preso por Maduro por suposta conspiração contra o governo. Por que não quer provas contra Dilma? Estou naquela fase em que não ponho a mão no fogo, pois sempre queima, claro, independentemente da honestidade ou desonestidade dos envolvidos. Maduro tem tudo para ser ditador. O prefeito de Caracas tem tudo para ser golpista tanto que já foi. O governo Dilma pode estar atolado no petrolão. Por que, num caso desses, o presidente do DEM, o pretenso moralizador José Agripino Maia, não estaria atoladinho no escândalo do Detran do Rio Grande do Norte? Não sei. Continuo acreditando em provas.
Sou bobo velho. Sei que, dependendo dos casos ou envolvidos, elas são um mero detalhe.
Maduro vai cair cedo ou tarde. Quando o vejo com aquele abrigo de treinador de futebol de quinta divisão com as cores da bandeira da Venezuela, torço que caia logo. Canastrão. Assim a Venezuela deixará de ser pauta. Os 90% de miseráveis retornarão às suas periferias, a democracia formal será restabelecida e ninguém mais se interessará por um país fulminado pela queda do preço do petróleo, que voltará a financiar apenas os ricos. Alguém fala do Haiti? A Coreia do Norte não sai da boca do povo. É uma ditadura nojenta dominada por um ditador maluco. A Arábia Saudita, outra ditadura nojenta, não atrai tanta atenção. Por que será? Deve ser pela mesma razão que o caso HSBC não dá tantas manchetes. Ou isso já é teoria da conspiração?
Por mim, derrubava todos. Ando louco da vida. A passagem do ônibus aumenta quase o dobro da inflação. A correção da tabela de imposto de renda, pouco mais da metade. O governo de esquerda quer engolir direitos trabalhistas, que a direita finge defender. É muito para a minha cabeça oca. Quero bola no chão. Quando será que direita e esquerda no Brasil vão se acostumar com a regra do jogo: perde, espera quatro anos, tenta de novo. O PSDB se parece cada vez mais com a UDN. Só falta um Carlos Lacerda.
O Corvo era um inescrupuloso brilhante. A turma de hoje só cabe no primeiro qualificativo.
Os interesses são os mesmos: tirar o “trababalhismo” do poder, mesmo que seja pelo golpe, e privatizar a Petrobras. A diferença é o tamanho dos escândalos. As cifras de hoje constrangem às de ontem.
http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=6963

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