quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Intolerância política pode atirar o Brasil no abismo



Nos três principais jornais do País, Folha de S. Paulo, Globo e Estado de S. Paulo, a cena de destaque é a mesma: o confronto, ocorrido na tarde de ontem, entre militantes do PT e simpatizantes do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O episódio ocorreu no Rio de Janeiro, pouco antes do ato em defesa da Petrobras e do modelo de partilha do pré-sal, em que o ex-presidente Lula afirmou: "Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também" (saiba mais aqui).

As imagens estampadas nos três jornais prometem acirrar ainda mais os ânimos.

Eis a legenda da Folha: BRUTALIDADE - Em ato da CUT e do PT em defesa da Petrobras perto da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, petista agride homem que pedia o impeachment de Dilma.

Legenda do Estado: Pancadaria no Rio - Em ato de petroleiros no Rio, que teve agressões entre manifestantes, o ex-presidente Lula disse que Dilma Rousseff 'não pode ficar dando trela' sobre as investigações na Petrobras e 'tem de levantar a cabeça'.

Legenda do Globo: Intolerância - Homens com camisa do PT partem para a briga com manifestantes que pedem a saída de Dilma em frente à ABI, no Rio, onde aliados do governo fizeram ato.

A intolerância denunciada pelo Globo tem sido estimulada pela política de criminalização do PT, estimulada pelos meios de comunicação — em especial pelos veículos da família Marinho.

Resultado disso foi a agressão sofrida pelo ministro Guido Mantega, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, de onde foi expulso aos gritos de 'vai pra Cuba' e 'filho da puta'.

Aonde isso vai parar, ninguém sabe. Mas as imagens de ontem, estampadas nos jornais de hoje, certamente elevarão a temperatura do dia 15 de março, dia em que estão previstos protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"É como se vivêssemos numa sociedade completamente polarizada, na Espanha da Guerra Civil", avalia Milton Lahuerta, professor da Unesp, em declaração ao jornal Estado de S. Paulo. "Estamos vivendo um momento de acirramento do debate político, decorrente de um processo eleitoral que terminou mas parece continuar", afirmou Marco Antonio Teixeira, professor da FGV.



Barbara Gancia cobra explicação do Einstein sobre agressão a Mantega

A jornalista Barbara Gancia cobrou uma explicação do Hospital Albert Einstein sobre a agressão sofrida pelo ex-ministro Guido Mantega (leia mais aqui). Confira, abaixo, o texto postado por Barbara em seu Facebook.

Para o dr. Claudio Lottenberg, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein, que, no último domingo, na modestíssima opinião desta datilógrafa que vos fala, ocupou o espaço da página 3 da Folha de S. Paulo (Tendências/Debates) com a distribuição de ufanismos a instituição que dirige, estatísticas soporíferas e metáforas de gosto duvidoso sobre saúde do corpo e vitalidade do país ("cancro da corrupção"; "ganância fiscal que aumenta a obesidade de órgãos públicos esclerosados" — fala a verdade? —; "Brasil precisa de terapia intensiva com o apoio de todos que possam colaborar para sua recuperação"), pois então, para este discípulo de Hipócrates tão cioso do seu dever sagrado e tão averso ao exercício do poder por meio da política, para ele eu tenho algumas questões incisivas (uia!):

Caro senhor doutor presidente:

1) Já foram identificados os indivíduos que hostilizaram ao ex-ministro Mantega e sua mulher, que foi ao hospital na terça-feira para ser submetida a tratamento contra o câncer?

2) Que providências os senhores estão tomando, foi registrado Boletim de Ocorrência?

3) A direção do hospital está ciente de que, caso este comportamento brutal for tolerado e nenhuma medida tiver sido tomada contra quem o praticou, isto irá significar que a Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein compactua com a irresponsabilidade, a escalada da violência e o desrespeito à ordem pública?

O senhor entende, dr. Claudio, que o Einstein não pode consentir, porque isso significa que ele se colocará do lado dos inconsequentes que querem ver o circo pegar fogo sem medir as consequências para as instituições?

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