quinta-feira, 29 de maio de 2014

Qual é o seu propósito de vida?


Silvia Marcuzzo, Mercado Ético / Envolverde

'Gremistas X colorados, direita X esquerda, essa visão preto e branco do mundo é, digamos assim, um tanto enraizada em boa parte das cabeças do Rio Grande do Sul. Até aí, nenhuma novidade. O grande desafio é viver em um lilás caminho do meio. Desde a semana passada, o coach Gabriel Carneiro da Costa em sua palestra “O Impacto de um Propósito”, mostrou outra conotação desse universo bipolar.

Para o ex-dono de agência de publicidade, as pessoas são divididas em duas tribos: a turma do Eike Batista e a turma do Gandhi. Os primeiros só pensam em ganhar dinheiro. O tempo é regido sob a égide de que tudo conta para se faturar mais. Já os adeptos do líder pacifista dão pouco valor às “verdinhas”, coisas afins e nem estão afim desse “debate”.

Costa, que descobriu relativamente há pouco tempo a importância de transitar nesses dois mundos, provocou a plateia do teatro da Associação Médica do Rio Grande do Sul: é possível juntar esses interesses? “É legal ser iluminado no alto da montanha, mas quando volto para a Ipiranga (grande avenida, onde passa o arroio Dilúvio, a “marginal” de Porto Alegre), quem eu quero ser?

Talvez esse seja o grande desafio da vida. Ele argumenta o quanto é importante não desistir do sonho e, ao mesmo tempo, não ter vergonha de ganhar dinheiro. E o caminho para cada um encontrar a sua resposta ele dá algumas pistas: “Que perdas se está disposto a fazer para conseguir isso? Que caminho eu quero percorrer? Quem eu quero ser?” As respostas é que definirão a gestão a ser tomada.

Gabriel revelou que geralmente esses questionamentos surgem depois dos 40. E contou histórias no mínimo instigantes. Um sujeito confessou ter 100 milhões no banco mas que não era feliz. De gente que de tinha sucesso profissional, mas que não conhecia o filho de 15 e nem a mulher que havia casado. E deu mais exemplos. Uma pesquisa do Instituto Betânia mostrou que 87% dos presidentes de grandes empresas se declararam infelizes.

O autor do livro O encantador de pessoas deu alguns conselhos, que, acredito, se nós tentarmos fazer nem que seja uma parte, a nossa consciência pode se expandir para a descoberta da nossa missão. Ele lembrou de quando aprendemos a dirigir um carro. No começo, era fácil apagar, era difícil administrar embreagem, freio e acelerador. Mas com o tempo, o que era sufoco vira automático.

Por isso, ele sugere treinos para se ter uma vida mais leve. Eis alguns pensamentos do life coach:

O caminho tem que ser tão prazeroso quanto o destino.

Pare de pensar que é especial, seja especial!

O dinheiro traz prazer, mas uma vida com propriedade traz felicidade.
A carreira só tem valor quando faz sentido.

Bons amigos mudam a energia presente.

O amor é que sustenta a jornada.

Não delegue sua vida aos outros.

Desconfie de conselhos que podem te trazer problemas. Faça a coisa certa.
Tesão só surge com permissão.

Trabalhe vivendo, mas não viva trabalhando.

Então tá. Anotei. Até agora estou digerindo. Tomara que eu absorva tudo, e esses preceitos entrem no automático. Pois se tem uma coisa que procuro é estar sempre aberta para o aprendizado. Nem que seja para ouvir coisas que a idade ensina, mas que nas curvas da vida, as vezes, nós esquecemos.

Saí do encontro fazendo outra analogia da divisão das tribos. A de desenvolvimentista e a de ambientalistas. Creio que o grande salto na nossa civilização será quando ambos se entenderem numa relação ganha-ganha. Mas isso seria possível? A única coisa que podemos mudar, de fato, somos nós mesmos. E concluiu com um alerta: muito cuidado com as emoções. Elas são rápidas, o resto é memória. A questão chave é sabermos se estamos colocando a energia no que realmente importa."

* Silvia Marcuzzo é jornalista e trabalha a temática socioambiental desde 1993. Já transitou em diversos “ecossistemas” e arranjos energéticos do jornalismo. Ao passar por assessorias de ONGs, governos e consultorias para empresas, em Porto Alegre, São Paulo e Brasília, sempre manteve a convicção de que é possível melhorar a relação entre os “ambientes” e a comunicação. Por isso, fundou a ECOnvicta Comunicação para Sustentabilidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário