quarta-feira, 14 de maio de 2014

A Manipulação da imprensa está no enfoque - A realidade vista de outro jeito


1 Outro Ponto 



Grande parte da sociedade sabe que imprensa manipula informações de acordo com seus interesses comerciais e políticos. Mas, como acontece essa manipulação? De que forma a imprensa consegue manipular sem que muitos percebam? Acontece que a imprensa do século XXI tem uma forma muito peculiar de mostrar sua versão dos fatos. Isso porque a manipulação não costuma acontecer dentro do texto, mas sim no enfoque dado aos fatos. Destacando certos fatos e omitindo outros, a imprensa amplia o foco em certas verdades que não passam de “meias verdades”. Reconstroem a realidade seguindo pautas pré-estabelecidas onde algumas informações serão privilegiadas e outras ignoradas. Além disso, em certas ocasiões pontuais a imprensa publica informações irreais ou fantasiosas, e, apesar de ser rapidamente descobertas na Internet, não costuma replicar dizendo que errarou (a falta de legislação motiva essa situação). Mas, no geral, a imprensa manipula enfocando certos fatos e omitindo outros.

Cada meio de comunicação tem um ponto de vista, um enfoque e uma forma de ver a realidade

O ser humano não é objetivo. Cada pessoa tem suas preferências políticas, econômicas e sociais. Alguns preferem ajudar grandes empresas. Outros preferem ajudar os mais pobres. Alguns preferem apoiar o partido que governa. Outros preferem apoiar a oposição. Tendo isso em mente, como imaginar uma imprensa totalmente neutra? Como supor que ela deixaria seus interesses de lado para publicar informações que teoricamente prejudicam ela mesma? A imprensa afirma neutralidade para conseguir uma credibilidade que não existiria caso ela afirmasse que apóia um ou outro lado. Ao dizer que é neutra, a imprensa diz: “não tenho interesses pré-definidos e publico a informação real, podem acreditar em mim”. Mas com um pouco de observação é possível concluir que isso não passa de uma técnica que, inclusive, tem nome: teoria dos espelhos.

A neutralidade absoluta é completamente impossível para um ser humano. Sempre existirão pontos de vista que contam os fatos de outra forma. E é então que a chamada “pluralidade informativa” mostra seu verdadeiro valor. Uma sociedade com pluralidade informativa é aquela que conta com meios de comunicação com diferentes ideologias, pontos de vista e formas de enfocar os fatos. Abra a página de diferentes jornais e veja se eles se parecem. Quanto mais parecido o enfoque e o tratamento de diferentes meios de comunicação, menos pluralidade informativa. No Brasil, os principais jornais diários têm enfoques bem parecidos. O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de São Paulo têm formas similares de enfocar os assuntos de atualidade. A Internet quebrou esse modelo, mas poucos portais conseguem a audiência dos grandes conglomerados de informação do país, que, hoje, se encontram nas mãos de cinco ou seis famílias.

Estamos em um país em que só uma empresa (Globo) controla a maior rádio (CBN), a segunda maior revista semanal (Época), o maior portal de internet, o maior canal da TV fechada (Globo News), o maior canal da TV aberta e o maior jornal econômico (Valor). 

Por isso se fala em democratização dos meios de comunicação. Significa criar formas de limitar o oligopólio informativo que hoje em dia dita a agenda informativa do país. O artigo 220, parágrafo 5, da Constituição Federal de 88, diz que “§ 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.” Mas a atual legislação da imprensa não estabelece limites de tamanho para um meio de comunicação, por isso existe uma concentração tão profunda na informação criada no Brasil e por isso as pessoas costumam ter opiniões similares sobre assuntos de atualidade: são pautados por uma imprensa que diz sempre o mesmo.

Concentração de informação significa ter poucos meios de comunicação com grande audiência. É típico do sistema de comunicação criado ou consolidados no século XX. Quanto maior a audiência de poucos jornais, mais concentração. É só pensar quais são os principais jornais do país e qual é a porcentagem de audiência de cada um deles para chegar à conclusão de que o Brasil tem uma produção de informação concentrada. mas a Internet vem quebrando esse modelo.

A chegada da Internet

A rede mundial de computadores revolucionou a forma de se fazer jornalismo. Hoje, o cidadão normal também produz informação, pois tem o poder de publicar e compartir o que quiser em redes sociais, blogs, etc. Essa liberdade permite questionar o modelo vigente, além de fortalecer a chamada “imprensa alternativa”, que tem uma ideologia diferente daquela dos grandes meios de comunicação do país. É então que aparecem blogs de esquerda (chamados de “blogs sujos” por José Serra e afins, que são constantemente atacados em publicações desses blogs), que hoje contam com uma audiência considerável, apesar de não se aproximar dos grandes conglomerados informativos. Justamente por declarar sua ideologia, não contam com a credibilidade dos que se declaram neutros, e por isso acabam sendo ignorados por pessoas que pensam diferente.

São responsáveis por criar a contra-informação. Ou seja, publicam verdades que os principais meios de comunicação decidem omitir. Obviamente omitirão outras verdades, normalmente já publicadas pelos grandes veículos, mas, no geral, tem sua própria agenda informativa. Alguns blogs progressistas são “Tijolaço”, “O Cafezinho” (que denunciou a sonegação fiscal das Organizações Globo), “Viomundo”, entre outros.

Mas, supondo que todos meios de comunicação tem um enfoque diferente, como chegar a informações próximas da realidade? A resposta é simples: se informando por diferentes canais. Se cada um mostra sua versão de um fato, ler diferentes versões dará um ponto de vista mais amplo, pois cada meio de comunicação destacará ou omitirá certas informações de acordo com seus interesses. Se um meio omite uma informação porque é bom para ele e outro omite outra informação pelos mesmos fins, a única forma de conseguir aceder à maioria de informações reais omitidas é lendo publicações com diferentes pontos de vista.

Significa que o conservador deve ler Carta Capital e o progressista deve ler Veja para poder encontrar informações que não encontraria se só lesse uma dessas revistas. Claro que pontos de vista tão diferentes causam repulsa. Entretanto não existe outra forma de conhecer certos fatos que são de interesse público, mas que são ignorados para dar lugar a informações que são de interesse privado. Esses interesses são os que motivam os grandes jornais a não dar grande destaque temas como a crise de abastecimento de água em São Paulo (os grandes jornais não fizeram reportagens investigativas sobre o tema nem deram manchetes na primeira página) ou o Mensalão Tucano (cuja cobetura é muito questionável quando comparada à do Mensalão Petista). E outros interesses fazem que os blogs progressistas falem bem de Lula e Dilma, ao invés de promover constantes críticas à seu Governo (o que também é papel da imprensa).

O dia que exista no Brasil uma pluralidade informativa similar à da Europa, nossos grandes meios de comunicação mostrarão diferentes enfoques de diferentes notícias. Esses interesses estarão sendo defendido nos principais jornais do país. Mas, hoje, como a imprensa tem o monopólio do discurso massificado, lutará com unhas e dentes contra qualquer tipo de regularização que limite o tamanho dos conglomerados. Dirão, através de declarações de opositores da ideia, que queremfazer censura. Mas para isso estarão os blogs progressistas na Internet, que, apesar de ter audiência fiel, mas não massificada, vão combater a informação da Grande Imprensa oferecendo outros pontos de vista sobre o tema. Esses, por outro lado, alertarão o leitor de que as civilizações mais avançadas possuem marcos regulatórios para sua imprensa. Essas normas não afetam conteúdo, mas determinam aspectos éticos e buscam a democratização dos meios de comunicação sem afetar a liberdade que cada jornal tem.

Regularizar não significa tirar a liberdade (inclusive porque as atuais propostas buscam regularizar a mídia de acordo com os princípios democráticos estabelecidos na Constituição), assim como o Código Penal e o Civil não tiram liberdades fundamentais dos cidadãos. Mas a imprensa, cujos interesses privados podem se comprometer com um novo marco regulatório, alegará que sofre “bullyng” ou que querem instaurar uma Ditadura outra vez. Mas isso não passa do ponto de vista dela e pode ser entendido com a contra-informação publicada pelos meios alternativos.

Todas as pessoas tem preferências por um ou outro ponto de vista. Poucos conseguem considerar diferentes idéias sobre um mesmo tema, e, considerando que nossa imprensa oferece somente um ponto de vista (o das classes médias e altas), é necessário buscar informações em outros lugares para conseguir entender a realidade como ela é. Mídia Ninja (que representa formalmente o jornalismo cidadão), blogs progressistas, Grande Imprensa e imprensa alternativa formam basicamente o sistema da informação do nosso país. Claro que essa é somente a minha visão desse sistema informativo. Que, por ser só minha, está longe de ser a verdade absoluta. Por isso é preciso continuar se informando sobre o tema...


Para saber mais:

Página do Facebook que aponta manipulações da Rede Globo e da Folha de S. Paulo
https://www.facebook.com/desmascarandoglobofolha?fref=ts

Plataforma para a regularização da mídia
http://www.paraexpressaraliberdade.org.br/

lambido do: http://1outroponto.blogspot.com.br/2014/05/a-manipulacao-da-imprensa-esta-no.html

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