sexta-feira, 14 de junho de 2013

Racismo e mentalidade direitista

    

      Voltando às comunidades racistas apontadas no Facebook, notamos com facilidade que nelas prevalece uma orientação política de direita, não somente no discurso dos administradores, como também nas intervenções da quase totalidade dos participantes.  O deputado federal Jair Bolsonaro é uma das figuras mais caras a estes movimentos.  Temos amostra bem instrutiva numa postagem da ONG Raça Branca, onde se estabelece conexão com a páginaDireita Política.     


     Poupando-nos de pequenos esforços interpretativos, o próprio coordenador da "ONG" se classifica (e aos seus seguidores) como direitista. 


        Em Orgulho de Ser Branco, podemos ver diversas manifestações de apreço à herança da ditadura civil-militar de 1964, entre elas a divulgação deste quadro pretensamente jocoso.


      No alto da mesma página, os "orgulhosos" expõem sua sintonia com os restauradores do partido que sustentou os governos dos  presidentes-generais. 



      O "Cavaleiro Paladino" http://www.facebook.com/cavaleiro.paladino.3?ref=ts&fref=ts, à frente da Orgulho Eurodescendente, não deixa dúvidas de que sua briga é contra o PT,


       (...) e, sem cair em contradição, curte e recomenda Direita Política.




   Nesta página, Orgulho branco/eurodescendentehttp://www.facebook.com/pages/Orgulho-brancoeurodescendente/366569136792164, que ainda não tínhamos visitado, os membros se unem na rejeição a comunistas, lulistas e "petralhas".


       Algum conservador, com sua dose de razão, poderia me questionar: -Cadê o racismo?  O quadro abaixo, difundido pelo grupo, neste caso me dispensaria de gastar retórica.  



      Não pretendo, é claro, usar estes exemplos, cujo número poderia ampliar em meia hora, para chegar a  generalizações pouco inteligentes do tipo "Todo direitista é nazista" ou "Todo racista é de direita".  Isto não me impede de trazer a público certas considerações.  Todo direitista, sem margem para exceções, é uma pessoa que tem as hierarquias socioeconômicas, ou pelo menos uma parcela importante delas, como dados naturais, mesmo que variem as justificativas para o estabelecimento destas relações.  Para alguns, o esforço individual explica a proeminência de determinados homens ou grupos; para outros, riqueza e pobreza, domínio e subalternidade, derivam da vontade dos Céus; para terceiros, os genes definem desde a concepção a força, a inteligência e as qualidades morais dos indivíduos, com reflexo direto e inevitável na organização social. 
      A vinculação a qualquer uma destas visões não constitui obstáculo para a eventual simpatia pelas demais.  Ao cidadão que explica a riqueza pela eleição divina não parecerá estranho que os eleitos, pressentindo sua condição, sejam mais ativos e esforçados do que os amaldiçoados; o que vê a iniciativa individual como única base para o sucesso talvez julgue razoável que o empreendedor seja dono do melhor DNA; o adepto da estratificação segundo a genética pode ser convencido de que a existência de raças superiores e inferiores foi concebida fora do mundo material. 
       Indo além de tais especulações, me parece fora de questão que alguém que considera normal, digamos, a subordinação dos interesses de milhares de funcionários e milhões de usuários das empresas de ônibus aos de um punhado de famílias de proprietários, já providas de contas bancárias milionárias há várias décadas, estará mais propenso a aceitar que alguns grupos étnicos devam se sujeitar a outros.  Como também aceitará mais facilmente do que qualquer pessoa de índole progressista que determinados segmentos da sociedade sejam impelidos para a obscuridade em decorrência do sexo, da orientação sexual, da filiação religiosa, da origem regional ou de classe.  Só nisto encontro ânimo para combater a direita por mais uns cinquenta anos.
Obs: Percebi em outras incursões no Facebook que um bom número de membros da rede tem dificuldade em denunciar os crimes de ódio.  Volto, então, a compor um roteiro:

1- Acesse o site da Polícia Federal em denuncia.pf.gov.br .

2- Clique na opção "crimes de ódio". 

3- Cole o link da página a ser denunciada em "Página da Internet" e mencione as falas comprometedoras em "Comentário".

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