segunda-feira, 2 de abril de 2012

Leitura do brasileiro é a "Bíblia"


É incrível que um Estado que se presume laico esteja tão contaminado pela religião como o Brasil. Um exemplo disso é  o resultado da pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro sobre os hábitos de leitura da população, que apontou a "Bíblia" como o livro mais lido pelos brasileiros – ganha dos livros didáticos e dos romances. Ao questionar os cerca de 5 mil participantes sobre os gêneros que costumam ler, a "Bíblia" foi citada por 42% e manteve-se no primeiro lugar da lista, mesma posição ocupada na edição anterior da pesquisa, em 2007.
Os livros didáticos foram citados por 32%, os romances por 31%, os livros religiosos por 30% e os contos por 23%. Cada entrevistado selecionou em média três gêneros. Os títulos religiosos ganharam espaço na estante dos brasileiros. Na lista dos 25 livros mais marcantes indicados pelos entrevistados, o livro "Ágape", do padre Marcelo Rossi, aparece em segundo lugar na lista. Perde apenas para a própria "Bíblia" e para "A Cabana", do canadense William Young.
Luiz Alves de Moraes, vendedor de uma livraria em Brasília, disse à Agência Brasil, que publicou reportagem sobre o assunto, que os mais vendidos são os títulos de filosofia, teologia e religião. “Pessoalmente, eu consumo mais livros de filosofia. O hábito de ler garante um amadurecimento da leitura. Comecei a ler aos 13 anos, por interesse pessoal, sem incentivo de ninguém”, conta. Nessa mesma matéria, o colega dele, Edmar Rezende, diz que concorda que a venda de livros religiosos cresceu. “Tem saído muito, principalmente o do padre Marcelo”. 
A professora Vera Aguiar, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), avalia, na reportagem, que os livros religiosos podem ser uma porta de entrada para a literatura, especialmente para uma parte da população que não tem o hábito da leitura. Para ela, o aumento das vendas desse gênero está ligada ao avanço das religiões neopentecostais. “Há uma atitude de leitura. Depois ele pode abrir seus gostos para outros tipos de literatura, os clássicos, o entretenimento. É muito significativa essa atitude leitora, a pessoa se decidir uma atividade introspectiva”.
A matéria da Agência Brasil aponta que, em seguida na lista das obras mais marcantes aparecem "O Sítio do Picapau Amarelo", "O Pequeno Príncipe", "Dom Casmurro" e as coleções "Crepúsculo" e "Harry Potter". O livro da escritora britânica J. K. Rowling foi o primeiro que a estudante de 16 anos Evelyn Cabral comprou, cita o artigo. Ela disse que sempre gostou de ler e foi muito incentivada pela mãe quando criança por meio dos contos de fada. “Eu tinha 11 anos quando comprei o primeiro livro do Harry Potter com a minha mesada. Daí em diante, não parei mais, gosto muito desse tipo de história. Na escola eles pedem para a gente ler os clássicos da literatura, como Machado de Assis e Guimarães Rosa. Só que eles têm uma linguagem complicada. As histórias até são legais, mas é difícil ler, têm palavras que eu nem conheço”.
Mesmo depois de mais de 60 anos da sua morte, Monteiro Lobato continua no imaginário da população. O escritor paulista permaneceu no topo da lista dos autores brasileiros mais admirados, segundo a pequisa. “Há muitos escritores que são conhecidos, mas na verdade não são lidos. Dá até para dizer que existem duas leituras de Monteiro Lobato: a primeira é aquela que a gente faz do imaginário coletivo, todos ouviram falar de 'Reinações de Narizinho'”, diz Vera à Agência Brasil.
 Na sequência aparecem Machado de Assis, Paulo Coelho, Ariano Suassuna e outros autores de best sellers recentes como o pastor Silas Malafaia e o padre Marcelo Rossi.
Confira a  lista completa  dos escritores brasileiros mais admirados.

cronicasdomotta

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