quarta-feira, 19 de agosto de 2020

TEREMOS UM BRASIL DE PESADELO EM 2022, COMO A DISTOPIA DE ORWELL? E DE SONHO EM 2032, COMO A UTOPIA DE MORUS? – 1

 

dalton rosado
BRASIL, 2022; BRASIL, 2032.
Estando o Brasil devastado pela depressão econômica que provocou a volta da inflação de mais de dois dígitos, com dívida pública superior ao PIB e desemprego na casa de 15%, a candidatura de Boçalnaro, o ignaro à presidência da República é uma miragem que só alguém desvairado pela sede de poder poderia acalentar neste ano de 2022. 

O seu prestígio no Nordeste, decorrente do assistencialismo mais vulgar, fez água desde que teve de interromper o pagamento dos R$ 600 no início de 2021, quando a pandemia da Covid-19 arrefeceu após ter causado quase 200 mil mortes. 

As vacinas de vários países se mostraram eficazes no combate ao coronavírus, mas a economia brasileira, acompanhando o que está acontecendo mundo afora, não consegue voltar aos patamares anteriores (que já eram ruins), mesmo com a interrupção do isolamento social. 

A paralisia econômica causada pelo distanciamento social demonstrou para muitos prestadores de serviços que o home work viabilizado pelo uso da computação e da internet é ótima opção para evitar gastos com transporte e escritórios, e que os sistemas de delivery podem tornar mais cômodas as relações comerciais e pessoais, além de aliviar o trânsito nas grandes cidades.

Ficou claramente demonstrado que os avanços tecnológicos nos permite prescindirmos de muitas práticas anteriores. As vendas no comércio pela internet aumentaram e muitas lojas que dependiam basicamente das compras presenciais fecharam asportas; algumas regiões comerciais estão desérticas.

Com isso, reduziram-se as necessidades de emprego no setor de serviços, o que fez aumentar o desemprego estrutural; o mesmo efeito, aliás, é causado pela crescente robotização na indústria. 

Daí decorre a queda da produção de valor novo, indispensável sob os ditames capitalistas, o que tem provocado o aumento da emissão de moeda sem lastro para suprir o fluxo da irrigação econômica. 

Mas tal emissão de moeda sem lastro, artificial por excelência, é um dos principais fatores que alimentam a escalada inflacionária que ora observamos e que traz consigo uma concentração ainda maior da riqueza nas mãos de uns poucos, ao mesmo tempo em que se aprofunda a miséria, principalmente nas regiões mais pobres do país, como o interior do Nordeste.

O capitalismo cava a sua própria sepultura (Marx). 

O único segmento que ainda oferece alguma sustentação à economia brasileira é o setor agrícola, já que o Brasil vem se tornando o celeiro do mundo graças: 
— à abundância de terras férteis e água (ainda que as chuvas tenham diminuído como consequência do aquecimento global);
— e ao baixo custo de produção que torna os alimentos produzidos no Brasil competitivos num mundo assolado pela fratricida guerra concorrencial de mercado.

As queimadas na Amazônia e os incêndios no pantanal demonstraram quão prejudicial ao equilíbrio ecológico é a insensatez de um modo de produção predatório que extingue a vida em nome de uma lógica de produção que pretensamente visa preservar a própria vida. Já se sente a poluição do ar em regiões que se situam a milhares de quilômetros dos incêndios. 

Um paradoxo da chamada modernidade e sua irracionalidade cega.

No campo político, os deputados do centrão, que deram sustentação ao (des)Governo Boçalnaro, agem com o oportunismo de sempre: sofrendo o desgaste de seus apoios políticos e a mudança dos ventos, já anunciam o abandono do barco, como sempre acontece com os ratos, sempre os primeiros a pressentirem o naufrágio do navio. 

O descrédito da população com a política institucional é cada vez mais acentuado e, neste pleito de 2022, as abstenções e votos nulos se prenunciam tão elevados que comprometerão a legitimidade da escolha eletiva.

Enquanto isso, o esquerda institucional, antevendo a possibilidade de assumir o poder político e administrar o caos dentro das regras impostas pela lógica capitalista, pretende se aventurar numa assunção ao poder burguês sem perceber que, sob tais premissas, jamais conseguirão corresponder às expectativas despertadas. 

O povo, cansado da alternância no poder de projetos políticos que acabam sempre assemelhando-se no conteúdo, já coloca num mesmo patamar negativo de avaliação todos os políticos, desprezando-os por sua canina submissão a uma ordem democrático-burguesa em rota acelerada para o abismo. (por Dalton Rosado)
(continua)
Aproveitamos para disponibilizar a 1ª versão cinematográfica da novela
1984de George Orwell, dirigida por Michael Anderson. É uma distopia
tão terrível sobre o futuro da humanidade que passou a ser tida como  a 
distopia. O totalitarismo que Orwell em 1948 antevia é diferente da terra
     devastada que o Dalton hoje projeta para 2022, mas igualmente nefando. 

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