sábado, 9 de fevereiro de 2019

A violência de classe, segundo Rosa Luxemburgo


A violência de classe, segundo Rosa Luxemburgo

Kate Evans
Uma breve e didática explicação de Rosa Luxemburgo sobre violência de classe:

Se um “cidadão livre” é detido por outro contra a sua vontade e confinado por um tempo em uma sala fechada e desconfortável, imediatamente todos percebem nisso um ato de violência. No entanto, quando o mesmo processo ocorre de acordo com o livro chamado Código Penal, e a sala em questão é uma cela, tudo é prontamente considerado pacífico e legal. Se um homem é levado por alguém a matar outros homens, trata-se claramente de uma violência. Mas não é assim se o processo em questão é chamado de “serviço militar” (...). Se um cidadão é privado contra sua vontade de parte de sua propriedade ou lucros, é óbvio que se trata de uma violência. Mas se o processo é chamado de “impostos indiretos”, está tudo bem.

Em outras palavras, sob o verniz da legalidade esconde-se nada mais do que a violência de classe, elevada a um padrão obrigatório pela classe dominante (...). Elevado a norma obrigatória, tudo isso se apresenta na mente do advogado burguês (e também na do socialista oportunista) não como o que é, mas de ponta cabeça: o processo legal aparece como uma criação independente da “justiça” abstrata. E o Estado como consequência, mera “sanção” de direito. A verdade é exatamente o oposto. A legalidade burguesa (...) não passa de uma forma social particular sob o qual se expressa a violência política da burguesia, desenvolvida sobre bases econômicas específicas.

Foi esta legalidade que assassinou covardemente a grande revolucionária, em janeiro de 1919. No Brasil de Marielle, tudo muito parecido.



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