domingo, 22 de julho de 2018

HoA duvidosa sapiência do mo sapiens


O que mais tem sido lembrado na vitória da seleção francesa na última Copa do Mundo é a diversidade étnica de seus jogadores. Dos 22 atletas, 18 são filhos ou netos de pessoas vindas de lugares tão diferentes como Filipinas, Haiti, Congo, Senegal, Mali, Angola, Guiné, Togo, Mauritânia, Argélia, Camarões, Ilha de Guadalupe, Martinica, Alemanha, Espanha e Portugal.

Mas antes deles, o selecionado francês também contou, por exemplo, com o polonês Kopa, o italiano Platini, o espanhol Fernández e o argelino Zidane.

De qualquer modo, o que se deveria perguntar é o que significa, afinal, ser francês “legítimo”? Provavelmente, somente deveria ser aceito como tal alguém que provasse sua descendência direta de Asterix, o gaulês. Mesmo assim, um dos criadores do famoso personagem é filho de espanhóis e o outro, de ucranianos.

O fato é que a diversidade e a mistura sempre foram regra na formação das populações humanas. E uma recente pesquisa arqueológica prova que isso é verdade inclusive para a pré-história. Estudo liderado pelos pesquisadores Eleanor Scerri e Lounes Chikhi, em Oxford, mostra que o “Homo sapiens” coexistiu durante muito tempo com outros hominídeos. Principalmente, com o “Homo floresiensis”, o “Homo neanderthalensis“ e o “Homo naledi”.

Nossa espécie seria resultado dessa mistura toda aí. Portanto, nunca houve uma população humana pura. Nosso único atributo preservado ao longo de muitos milênios seria a “sapiência”. Acredita-se que esta capacidade para o acúmulo de conhecimento e sabedoria nos distinguiria dos outros animais. Mas, diante da persistência de teorias e comportamentos racistas e discriminatórios, talvez mesmo esta característica ainda esteja muito longe de prevalecer entre nós.

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